O retorno das atividades na Assembleia Legislativa do Ceará, nesta terça-feira, 7, foi marcado por
lamentações e agradecimentos. Deputados que não se reelegeram para o próximo
mandato culparam o poder econômico dos adversários pela derrota.
O deputado Lula Morais (PCdoB),
que obteve 12930 votos, mas não se reelegeu, avaliou que o poder econômico tem
produzido “uma distorção muito forte na representatividade do Parlamento”.
Para o deputado, o processo eleitoral deve ser avaliado com
“profundidade”. Ele destacou dados da Câmara Federal que mostram que, de 2002 a
2014, 248 parlamentares federais podem ser considerados “milionários”. Lula
associou a tendência à compra de votos, “que faz com que muitos candidatos
totalmente anônimos sejam eleitos em detrimento de outros com uma vida política
reconhecida”.
“Não comprei votos, entretanto, e talvez por isso, tenha sido
excluído das eleições. Mas prefiro assim”, disse Lula.
O deputado Mário Hélio, também derrotado nas urnas, destacou ter
aumentado sua votação no bairro Cidade 2000 em Fortaleza, onde atua, mas o
mesmo não aconteceu em outros locais do Estado “porque o poder da máquina e do
poder econômico foram muito fortes”.
O deputado Paulo Facó (PTdoB)
destacou que já se sabia que alguns candidatos tinham sido eleitos mesmo antes
de a votação acontecer. “Isso é uma demonstração patente do poder dos
milionários”, criticou.
O deputado Fernando Hugo (SD), decano da Assembleia com 24 anos de atuação,
não conseguiu se reeleger neste ano, mas evitou, publicamente, associar a
derrota a fatores externos. Ele destacou que refletirá sobre sua atuação no
parlamento. No entanto, nos bastidores, o deputado também apontava a compra de
votos como um dos problemas do pleito deste ano.
Fonte: O Povo.