Pesquisa
realizada pelo instituto Sensus e divulgada pela revista Istoé nesse fim de
semana mostra que a vaga do candidato que enfrentará a presidente Dilma
Rousseff no segundo turno das eleições ainda não está garantida. Com 25% das
intenções de voto, Marina Silva (PSB) está tecnicamente empatada com Aécio
Neves (PSDB), que tem 20,7%. A margem de erro da pesquisa é de 2,2% para mais
ou para menos. Dilma, com 35%, "só não estará na segunda etapa da disputa
se houver uma hecatombe nuclear sobre a sua campanha", diz a revista.
Leia abaixo a íntegra do texto com a pesquisa:
Empate na reta final
Pesquisa ISTOÉ/Sensus mostra que a sucessão presidencial será
decidida no segundo turno e que Aécio e Marina chegam embolados na última
semana de campanha
Os
candidatos Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB) entram na semana que
antecede o primeiro turno das eleições presidenciais em empate técnico. Essa é
a principal constatação feita pela pesquisa ISTOÉ/Sensus realizada entre o
domingo 21 e a sexta-feira 26. Segundo o levantamento, Marina tem 25% das
intenções de voto e Aécio 20,7%. Como a margem de erro da pesquisa é de 2,2%
para mais ou para menos, ambos estão empatados tecnicamente na briga por um
lugar no segundo turno. A presidenta Dilma Rousseff (PT) conta com 35% e só não
estará na segunda etapa da disputa se houver uma hecatombe nuclear sobre a sua
campanha. A pesquisa mostra que tanto Dilma como Aécio acertaram nas
estratégias adotadas nas últimas semanas. A presidenta reforçou os ataques
contra Marina, exagerou na defesa de seu governo e intensificou as agendas
públicas. Com isso, cresceu 5,3% durante o mês de setembro. O senador mineiro
procurou demonstrar as semelhanças entre Dilma e Marina, questionou a
veracidade do que ambas mostravam em seus discursos e colocou-se como a
alternativa mais segura para mudar os rumos do País. A estratégia lhe valeu um
crescimento de 5,5 pontos percentuais nos últimos 30 dias. Já Marina apostou em
se colocar como vítima de uma campanha que chama de "difamatória" e adotou
um tom emocional tanto em entrevistas como nos palanques. Não conseguiu
explicar as contradições de seus discursos e perdeu 4,5 pontos percentuais em
menos de um mês. "Pela primeira vez se constata a situação de empate
técnico entre Marina e Aécio. O senador mineiro chega na reta final com
tendência de crescimento e a ex-senadora com tendência de queda", diz
Ricardo Guedes, diretor do Instituto Sensus.
A pesquisa ouviu dois mil eleitores de 24 Estados e também
constatou um significativo aumento no índice de rejeição da candidata Marina
Silva. No início do mês, 22,3% dos eleitores diziam que não votariam em Marina
de forma alguma. Na semana passada esse índice saltou para 33%, superando a
rejeição ao senador tucano que variou de 31,5% para 31,9%. A rejeição à presidenta
continua na casa dos 40%, o que, segundo Guedes, é um empecilho à reeleição.
"O aumento da rejeição a Marina, já superior ao de Aécio, é outro dado que
permite afirmar que permanece aberta a possibilidade de um segundo turno entre
PT e PSDB", avalia Guedes. Segundo ele, a candidata do PSB entrou na
disputa com um forte apelo emocional, mas com o passar do tempo o eleitor
passou a enxergar sua candidatura de forma mais racional. O levantamento
realizado em 136 municípios de cinco regiões mostra em um eventual segundo
turno com Aécio, Dilma somaria 43,4% dos votos contra 38,2% se a disputa fosse
realizada agora. No cenário de segundo turno entre Dilma e Marina haveria
empate, com 40,5% para Dilma e 40,4% para Marina.
As tendências mostradas pela última pesquisa ISTOÉ/Sensus
confirmam os dados levantados diariamente pelas campanhas dos três principais
candidatos. E é com base nesses números que são traçados os planos para os dias
que antecedem o primeiro turno. No PT, a palavra de ordem é manter os ataques
contra a candidatura de Marina e intensificar a mobilização dos militantes para
atos de rua nas principais cidades do País. No QG de Dilma há a avaliação de
que, como as principais lideranças no partido não têm obtido bons resultados em
seus Estados, é necessário ocupar as praças para manter um crescimento na
última semana. Os caciques petistas avaliam que é possível sair das urnas com
cerca de 40% dos votos.
Nesses últimos dias de campanha antes do primeiro turno, os
tucanos, comandados pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, preparam uma
ofensiva nos maiores colégios eleitorais do País. Aécio, que na última semana
esteve sete vezes em Minas, irá ficar mais tempo nas ruas. Em São Paulo, os
eventos ao lado do governador Geraldo Alckmin serão quase diários. No Estado
com o maior número de eleitores, os tucanos lideram a disputa e o governador
deverá ser reeleito no primeiro turno. Aliados de Aécio também têm chances de
sair vitoriosos já no domingo 5 no Paraná, no Pará, em Goiás e na Bahia.
Segundo FHC, é possível que essas lideranças regionais consigam transferir uma
grande quantidade de votos para Aécio na reta final da campanha.
No PSB, a proposta é sair da defensiva para procurar estancar
a perda de votos verificada nas últimas semanas. Para tanto há um esforço para
procurar não contaminar a campanha com a divisão interna que vem ocorrendo no
partido. Com fragilidade nos palanques regionais, Marina deverá usar os últimos
programas no horário eleitoral e os debates nas tevês para fazer críticas ao governo
de Dilma e à polarização PT/PSDB, que pauta as disputas presidenciais desde
1994. No lugar de vítima dos ataques dos adversários, Marina tentará se
posicionar como uma real terceira via, repetindo o discurso que o ex-governador
de Pernambuco Eduardo Campos entoou no início da campanha.
Apesar de as tendências já estarem postas, de acordo com
Ricardo Guedes, não será surpresa se durante esta semana as pesquisas mostrarem
movimentos bastante acentuados por parte dos eleitores. Ele avalia que, ao
contrário do que ocorreu em eleições anteriores, os eleitores só agora, na reta
final, passaram a observar melhor os candidatos e as escolhas não têm seguido
uma lógica partidária. "O brasileiro quer mudar, mas não quer embarcar em
aventuras", conclui.
Fonte:
Brasil
247.













