Vai começar a choradeira.
“Querem calar a
imprensa livre” e outras coisas do gênero.
Isso
porque, na entrevista a blogueiros nesta sexta, ela defendeu energicamente a
regulamentação econômica da mídia.
Ela
fez questão de dizer que não se trata de controle de conteúdo, mas de regras
que coíbam a formação de monopólios e oligopólios.
Todas
as sociedades avançadas têm mecanismos para evitar a concentração de poder na
mídia por razões óbvias.
O Brasil não.
É
um problema antigo, e jamais resolvido. Até a ditadura militar, a certa altura,
se incomodou com o excesso de voz da Globo, como mostra um livro produzido com
documentos pessoais do general Geisel.
Mas
nunca nada foi feito para estimular a pluralidade de opiniões e promover a
competição num mercado francamente oligopolizado.
Por
um motivo: sucessivos governos tiveram em comum o medo pânico de incorrer na
ira dos proprietários das empresas de jornalismo.
Quem
perdeu, com isso, foi a sociedade, privada do acesso a ideias diversas que
poderiam ajudar as pessoas a formar sua própria opinião.
Dilma
disse aos blogueiros – entre os quais Kiko Nogueira, do DCM – que a sociedade
agora está demandando a regulação econômica da mídia.
Esta tarefa, afirmou ela, estará
em seu segundo mandato, caso seja reeleita.
As
circunstâncias, hoje, são mais favoráveis a mexer num assunto tão complicado,
dada a fúria com que a mídia se atira contra coisas que ameacem seus privilégios.
A
internet tirou muito do poder dos donos da chamada mídia tradicional. Jornais e
revistas são cada vez menos lidos, e telejornais menos vistos.
Com isso, o poder
de intimidação e de represálias vai minguando.
Uma
coisa é você ser alvo de uma campanha do Jornal Nacional com 60 pontos de
audiência, e sem a internet para servir de contraponto.
Outra
coisa é uma campanha do JN com 20 pontos de audiência, e com a internet
dando voz a quem não tinha.
Muda tudo.
Uma
regulação econômica é um primeiro e essencial passo. Mas há mais coisas por
fazer.
A
legislação que vigora no Brasil é amplamente favorável às empresas de mídia e
desfavorável para os cidadãos.
Multas
irrisórias e processos intermináveis dificultam qualquer tipo de reparação
quando você é vítima de um assassinato de reputação.
O
modelo dinamarquês é uma referência mundial. Os ingleses o estão estudando na
reforma que promovem na sua mídia depois que eclodiu o escândalo de invasão de
celulares feito por um tabloide de Murdoch.
Na
Dinamarca, um conselho formado por pessoas de reputação ilibada – parte nomeada
pela própria mídia — toma decisões rápidas em situações em que alguém se julga
prejudicado por uma matéria de jornal ou coisa parecida.
Caso
se conclua que houve mesmo um erro, o jornal é obrigado a publicar,
rapidamente, uma reparação no mesmo espaço em que fez a acusação considerada
infundada.
As
multas também são altas o bastante para que os editores pensem muito antes de
publicar acusações sem provas.
A
informação de Dilma de que vai mexer na regulação da mídia caso vença as
eleições é uma boa notícia para a sociedade – por mais que os beneficiários da
presente situação tentem convencer as pessoas de que é uma má notícia.
Fonte: Diário do Centro do
Mundo.













