O cenário
político estadual, com a decisão de Cid Gomes de permanecer no Governo até o
fim do seu mandato, em 31 de dezembro deste ano, além de fazer voltar a
expectativa de um rearrumar das oposições, registra a exclusão do nome do
vice-governador Domingos Filho da relação de pretensos candidatos do PROS ao
Governo do Estado no pleito de 2014, não por sua iniciativa, mas pela cúpula do
comando partidário, irresignada pelo fato de ele insistir em permanecer no
cargo.
Está sendo
atribuído a Domingos o desmoronar de um projeto estratégico da estrutura
governista, para facilitar a disputa sucessória de outubro vindouro, ao se
recusar a renunciar à sua expectativa de poder juntamente com o governador, como
lhe foi sugerido pelo próprio Cid Gomes, na última terça-feira, e por outros
líderes do seu partido, no célebre encontro da pretérita quarta-feira. Essa
posição do vice, por sinal, nós comentamos na publicação do dia 23 de março,
neste mesmo espaço.
Sem dúvida, havia
interesse do governador em ter o irmão, Ciro, candidato ao Senado. É um dos
poucos políticos deste Estado com projeção nacional e perspectivas mais reais,
sendo detentor de uma cadeira no Senado, de postular, como já o fez, a cargo de
presidente da República. Mas existia, também, no cerne do objetivo da renúncia
ao mandato, a tentativa de inviabilizar uma forte chapa concorrente que lhe
viesse exigir bem mais esforços na campanha.
Reflexão
Experiente,
Domingos também sabe que vai sofrer as consequências de sua decisão. E, por
certo, está recolhido para momentos de reflexão sobre o seu futuro político
pessoal e o dos familiares, o filho deputado federal, Domingos Neto e a mulher
prefeita de Tauá, Patrícia Aguiar. Não está descartada a possibilidade de o
vice vir a disputar uma cadeira de deputado estadual para evitar o ostracismo,
a partir de 2015.
Se Domingos Neto
já não mais teria a expressiva votação que o elegeu no primeiro mandato, em
2010, totalizando 246.591, as investidas que serão feitas nos municípios em que
foi votado, sobretudo em razão do que aconteceu, na última semana,
contribuirão, sem dúvida, para reduzi-la ainda mais.
A propósito, por
interferência do pai, o deputado acordou sair do Município de Camocim para que
lá fosse votado, como candidato a deputado federal, o ex-ministro Leônidas
Cristino, que já era considerado fora do quadro de postulantes ao Governo, mas
deve estar de volta em razão da exclusão do nome do vice.
Cargos
O senador Eunício
Oliveira (PMDB) conversou, demoradamente, na última segunda-feira, com o
deputado estadual Heitor Férrer (PDT), sobre sua candidatura ao Governo do
Estado, as potencialidades e perspectivas dela, ao fim da qual formalizou o
convite ao pedetista de com ele participar da disputa.
Heitor não esconde
a satisfação da deferência, mas deixou claro para o senador que o partido dele
é aliado do Governo e, portanto, não teria condições de fazer parte da chapa do
senador. Também, acrescentou Heitor, a disputa política entre ele e o senador,
no Município de Lavras da Mangabeira, moralmente o impedia de estar aliado com
o peemedebista no cenário estadual.
Sem vislumbrarem
alteração do cenário estabelecido após o encontro de Cid e Eunício, no dia 28
de março, quando ficou bem definida a posição dos dois em relação à disputa
pelo Governo do Estado, os governistas estão esperando, agora, que os três
secretários peemedebistas: Bruno Vale Sarmento de Menezes, do Conselho de
Políticas e Gestão do Meio Ambiente; César Augusto Pinheiro, dos Recursos
Hídricos e João Alves Melo, da Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado, bem
como os indicados para a Prefeitura de Fortaleza, entreguem os cargos que
ocupam.
Fonte: Diário do Nordeste.