Dias atrás, numa conversa reservada, o chefe de um grande banco de
investimentos no Brasil fez uma inconfidência. Afirmou que, se pudesse,
investiria todo o seu patrimônio pessoal em ações da Petrobras, estatal
brasileira que vem sendo castigada pelo mercado financeiro desde o início do
ano. Só não o faz porque, como responsável pela corretora de um banco, sofre
restrições legais para investir diretamente em ações da companhia.
Pessoas desse tipo, com acesso
a informações qualificadas, estão convencidas de que algo muito inusual ocorre
hoje com a Petrobras. Desde o início do ano, a ação da empresa comandada
por Graça Foster recuou 26,7%, sem nenhuma razão objetiva. Além disso,
analistas do Brasil e de fora vêm alardeando a tese de que a empresa, sem novos
reajustes nos preços dos combustíveis, poderia ter sua nota de risco rebaixada
e ficaria impossibilidade de investir nos campos do pré-sal.
Mas será que é realmente isso o
que mostram os números da empresa? Nada disso. A produção no pré-sal bate
recordes sucessivos, acima de 415 mil barris/dia, e os indicadores
econômico-financeiros também são positivos.
Uma comparação feita entre os
balanços da Petrobras com quatro grandes rivais internacionais – Exxon Mobil,
Shell, Chevron e BB – revela uma verdade inconveniente para muitos arautos do
caos: a Petrobras, ao contrário do que dizem, ostenta números mais saudáveis do
que suas rivais.
A começar pela última linha do
balanço: a do lucro. De 2012 para 2013, a Petrobras avançou 1%, em dólar,
enquanto Exxon caiu 27%, Shell recuou 35%, Chevron perdeu 18% e apenas a BP
avançou impressionantes 113%.
A foto mais ampla, com dados de
2006 a 2013, também traz dados muito positivos para a Petrobras. Entre as
cinco, foi a única que expandiu sua produção (11%), enquanto as outras caíram
ou ficaram no mesmo lugar: Exxon (-1%), Shell (-8%), Chevron (0%) e BP (-18%).
Outro ponto importante diz
respeito aos investimentos. Das cinco, a Petrobras, de novo, foi a que mais
cresceu, com um salto de 228%, contra 114% da Exxon, 85% da Shell e 152% da
Chevron.
Ataque especulativo?
Diante dos dados, fica claro
que a Petrobras, maior empresa brasileira, está sob ataque. Sim, um ataque
especulativo, movido por forças que gostariam que o Brasil adotasse um novo
modelo para a gestão das reservas do pré-sal – de preferência, seguindo a
inspiração mexicana, onde a estatal Pemex aderiu a um regime de concessões
aberto aos investidores externos.
No Brasil, desde a escolha do
modelo de partilha, a empresa tem sido submetida a vários questionamentos. Recentemente,
em editorial, o jornal Folha de S. Paulo defendeu um modelo mais mexicano e
menos brasileiro. “A Petrobras não pode nem precisa se envolver em todos os
blocos. O interesse nacional de produzir o máximo de petróleo no menor tempo
possível – e de coletar impostos e royalties – será mais bem atendido se houver
outros participantes na empreitada”, dizia o texto da Folha. Antes, a mesma
tese havia sido defendida pela revista Exame, da Editora Abril.
No entanto, uma ampla
reportagem do jornal El Pais, publicada na semana passada, afirmou que a
Petrobras está anos-luz à frente da mexicana Pemex. Os dados financeiros
revelam que ela também não deve nada a gigantes como Shell, Exxon-Mobil,
Chevron e BP.
Confira, abaixo, uma análise comparativa dos balanços da Petrobras
com os de suas grandes concorrentes internacionais:
Fonte: Brasil 247.