A
adesão às Marchas da Família com Deus Pela Liberdade, realizadas neste sábado
22 em algumas capitais, classifica o movimento em defesa de uma intervenção
militar no País como um verdadeiro fiasco. Os atos acontecem 50 anos depois do
movimento que antecedeu o golpe militar em 1964.
Belo
Horizonte, em Minas, reuniu cinco manifestantes; Florianópolis, em Santa
Catarina, três; Recife, em Pernambuco, seis; e Natal, no Rio Grande do Norte,
nove. Em Belém (Pará), as vinte pessoas que posaram para registrar o protesto
deixaram a bandeira do Brasil de cabeça para baixo (confira aqui).
Em São Paulo,
a adesão foi maior: cerca de 700 pessoas, mesmo número de participantes de uma
marcha contra o golpe. A presença de policiais que trabalharam no ato que
defendeu os militares, no entanto, era tão grande que o evento mais se pareceu
com uma reivindicação da categoria. No Rio, foram cerca de 150 pessoas,
responsáveis pela principal notícia do dia sobre o tema: um confronto com
militantes contra o regime.
No Twitter e
no Facebook, onde usuários publicam dezenas de fotos das marchas em suas cidades,
os movimentos já ganharam o apelido de "Murcha da Família" ou então
uma definição que caracteriza muito bem o movimento minguado, feita pelo
usuário @cellso89: "a Marcha
da Família começou em marcha lenta e terminou em marcha ré".
"Intervenção
militar já!", "o Brasil exige: Ordem e Progresso",
"Socorro, forças" e "eleição não, intervenção sim" foram
alguns dos cartazes levantados sobre o golpe. O deputado federal Jair Bolsonaro
(PP-RJ) compareceu à marcha do Rio de Janeiro, mas não se posicionou a favor do
pedido de intervenção militar, por entender que isso descaracteriza o
movimento. "Estou aqui como um patriota", disse o parlamentar.
Um
dos organizadores da marcha no Rio, o cabo da reserva do Exército Emílio
Alarcon, ponderou que, apesar dos pedidos de intervenção, a intenção deles não
é a instauração de uma ditadura militar. Para ele, as Forças Armadas devem
fechar o Congresso e derrubar o Executivo, para convocar novas eleições apenas
com candidatos ficha limpa. "A intervenção é constitucional. A gente não
está pedindo nada de anormal", disse ele.
Para
reivindicar a intervenção, os militantes desse grupo usaram o Artigo 142 da
Constituição, que diz: "As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo
Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e
regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade
suprema do presidente da República, e destinam-se à defesa da pátria, à
garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da
lei e da ordem".
Na
interpretação do grupo, tal obrigação de garantir os poderes justificaria a
intervenção, já que há problemas institucionais graves que só podem ser resolvidos
dessa forma: "seria umreset, formatar de novo o Brasil. Todos os partidos
estão envolvidos em corrupção", argumentou Alarcon.
No
protesto de São Paulo, um discurso um tanto confuso. "Eu sou federalista,
sou a favor da democracia. Só que a gente não tem certeza se a nossa democracia
está sendo exercida. Então, sou a favor de que os militares intervenham, não o
regime, apenas para convocar novas eleições com voto impresso, para o povo ter
garantia de que o voto que ele está dando está indo para quem ele colocou lá.
Não é regime militar", disse Walace Silvestre.
Os
manifestantes da capital paulista, que tinham expectativa de refazer o percurso
da primeira edição do evento – da Praça da República até a Praça da Sé –
gritaram, por vezes, "fora, Dilma", e entoaram melodias pedindo a
prisão da presidenta e a volta dos militares: "Um, dois, três, quatro, 5
mil, queremos os militares protegendo o Brasil", e "um, dois, três,
Dilma no xadrez".
Fonte: Brasil 247.