Açude é utilizado para abastecimento da Capital.
Reservatórios do Dnocs estão com 31% da capacidade.
As chuvas
registradas neste mês em grande parte dos municípios cearenses, embora
promissoras, não foram suficientes para aliviar a situação de escassez nos
açudes do Estado. Os 63 reservatórios monitorados pelo Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas (Dnocs), os maiores do Ceará, estão com apenas 31% de sua
capacidade de armazenamento, 17 deles em volume morto, atingindo uma parcela
inativa para fins de captação de água. O Castanhão, mais importante açude
público para múltiplos usos do Brasil, apresenta o menor nível desde que foi
inaugurado, em 2003.
No Castanhão, o maior açude do Ceará, o volume de água armazenado
chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que foi criado,
há cerca de dez anos. A última cheia aconteceu em 2004
Segundo o chefe do
Serviço de Monitoramento dos Reservatórios do Dnocs, André Mavignier, os açudes
do Ceará acumulam, hoje, 5 bilhões de m³ de volume de água armazenado. Apesar
de ser a melhor proporção entre os estados do Nordeste com reservatórios do
órgão, o número não é animador, tendo em vista que quase todos os municípios
dependem dos açudes para subsistência. "Esses dois anos ruins que tivemos
em termos de chuva sacrificaram muito a recarga dos reservatórios. A situação é
preocupante e afeta, pelo menos, 50 municípios em todo o Estado", afirma.
Os açudes Várzea do Boi e
Trici, ambos localizados na Bacia do Alto Jaguaribe, estão entre os que possuem
as menores reservas. O primeiro, cuja capacidade é de 51,9 milhões de m³ de
água, e o segundo, com espaço para 16,5 milhões de m³, contêm apenas 1% das
respectivas quantidades.
Ambos estão na lista dos açudes
com volume morto, ou seja, que não possuem mais nenhuma finalidade de
abastecimento e já apresentam consideráveis níveis de impureza.
Castanhão
No Castanhão, o maior do
Ceará e mais importante açude de múltiplos usos do Brasil, o volume de água
armazenado chegou a 39% da capacidade total, fato que não acontecia desde que
foi criado, há cerca de dez anos. O reservatório tem como finalidade o abastecimento
urbano, a irrigação, a regularização da vazão do Rio Jaguaribe, a piscicultura
e outros usos. De acordo com o Dnocs, a última cheia aconteceu em 2004.
"Esses 39% ainda representam muita água, são 2,6 bilhões de m³. Mas, ainda
assim, é uma situação crítica, porque o Castanhão abastece muitas cidades,
inclusive Fortaleza", destaca Mavignier.
Dentre os açudes monitorados
pelo órgão, apenas quatro estão acima dos 50% de reserva. O Orós está com 970
milhões de m³ de água, 50% de sua capacidade. O Banabuiú se encontra com 54% e
o Trussu, com 60%. Já o açude Quixeramobim, na Bacia do Banabuiú se mantem com
65% de sua capacidade, conservando 34,8 milhões de m³ do recurso hídrico.
Diante do quadro alarmante, o
Dnocs espera, com grande expectativa, a previsão climática da Fundação Cearense
de Meteorologia (Funceme) para este ano. O anúncio oficial da estação chuvosa
deve acontecer na próxima terça-feira (21). Segundo André Mavignier, caso o
prognóstico não seja positivo, alguns municípios cearenses correm riscos de
sofrer graves problemas de abastecimento.
"Se ocorrerem eventos
climáticos negativos, vamos ter uma crise, não em Fortaleza, mas no Interior.
Alguns municípios vão continuar dependendo de poços e cisternas", diz.
Ações
Dos 144 açudes monitorados pela
Companhia de Gestão de Recursos Hídricos do Ceará (Cogerh), 112 estão com menos
de 30% de sua capacidade. Destes, 13 apresentam menos de 1% de reserva. Segundo
Ricardo Adeodato, diretor de operação do órgão, embora nenhuma grande cidade
cearense esteja ameaçada de ausência de água, a companhia está se preparando
para todos os cenários climáticos possíveis neste ano.
O diretor afirma que a Cogerh
está realizando simulações com situações de recarga zero, recarga semelhante a
dos anos de 2012 e 2013, e a recarga média dos últimos 10 anos. "A partir
disso, veremos quais cidades terão problemas e já indicaremos ações
emergenciais de médio e longo prazo", ressalta.
Funceme divulga previsões na próxima semana
A pré-estação chuvosa já vem
registrando precipitações neste início de ano em alguns municípios, mas a
Fundação Cearense de Meteorologia (Funceme) só deve divulgar as previsões
climáticas para o ano de 2014 na próxima terça-feira (21).
O anúncio será feito às 18h, em
evento no Hotel Luzeiros, na Beira-Mar. O prognóstico indicará se o Estado terá
uma quantidade de chuvas acima ou abaixo da média histórica. Nos últimos dois
anos, o Estado obteve previsões desfavoráveis.
Fonte: Jornal da Ibiapaba.