Jovem atirou pedra
em janela do ônibus, que teve a vidraça quebrada. Ele foi imobilizado pelo
motorista do coletivo e espancado por várias pessoas. Uma viatura compareceu ao
local e o jovem foi liberado.
O ônibus pertence à empresa Vega e fazia a linha 650
(Messejana/Centro/Expresso). Diante da negativa do cobrador, que se identificou
como Flávio, o rapaz desceu e arremessou uma pedra na janela do coletivo, ao
lado de uma passageira. Segundo testemunhas, ela chegou a ser atingida, mas não
se feriu com gravidade. O motorista do coletivo desceu do ônibus e imobilizou o
rapaz. Na praça, várias pessoas agrediram o jovem, com tapas e chutes. O POVO presenciou
as agressões. Veja vídeo:
Algumas testemunhas apoiavam a conduta dos agressores. “Tem
que apanhar mesmo”, disse um homem. Outros, no entanto, tentaram convencer o
motorista Tarcísio José Lima a liberar o jovem. A vítima chegou a ficar apenas
de cueca. “Mas ele é um vagabundo”, disse o motorista, que, além de segurar o
rapaz, também chegou a agredi-lo com tapas.
Após apelos, o motorista levou o jovem até o ônibus
depredado, na intenção de protegê-lo dos agressores. Porém, um deles entrou no
coletivo e ainda desferiu alguns golpes, enquanto outro homem tentava bater no
jovem também pela janela.
O rapaz agredido disse que vive em situação de rua e evitou
se identificar. Disse apenas ser maior de idade. “Quero só que a Polícia
chegue. Eu tava indo pro Centro, porque lá é mais fácil arrumar merenda. Sei
que eu errei em jogar a pedra”, disse.
Uma viatura da 5ª Companhia do 5º Batalhão da PM chegou ao
local e retirou o jovem do ônibus. “Temos que conviver com essa falta de
segurança e ficar perto desse monte de vagabundos”, falou o motorista. Ele não
quis ir prestar queixa na delegacia.
Para a professora Jânia Perla Aquino, do Laboratório de
Estudos da Violência (LEV) da UFC, os agressores não podem ser enxergados como
pessoas más, e sim assustadas por conta do atual contexto da violência urbana.
“As pessoas estão amedrontadas. Há um medo generalizado, sobretudo em locais de
convivência”, analisa.
Ainda segundo Jânia, ao tomar tal atitude, agressores querem
trazer solução para o problema da insegurança. “Há nessa mentalidade intenção
de exterminar o incômodo. As pessoas fazem isso na esperança de que estão
encontrando solução para um problema que, na verdade, é muito maior”, opina
Jânia.
Jovem liberado
O cabo Roberto Castro, da 5ª Companhia, informou que o jovem não foi
conduzido à delegacia porque nem vítimas nem testemunhas quiseram fazer
procedimento.
Saiba mais
Segundo o cabo Castro, o
jovem agredido se identificou como Bruno e disse morar no Bom Jardim. A viatura
soltou o jovem nas imediações do Bairro de Fátima.
Com o rapaz, foi apreendido um
cachimbo artesanal, usado por usuários de crack.
O POVO tentou contato,
com a empresa Vega no fim da tarde de ontem. Um funcionário informou que apenas
o chefe de tráfego poderia comentar o assunto, mas ele não se encontrava mais
na empresa.
Fonte: O Povo Online.