Brasil 247 - Colunista da Folha reforça, de modo nada sutil, que os médicos cubanos que estão chegando para atuar em regiões remotas são escravos. "Tente você contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos, transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho escravo nas suas costas", diz a jornalista.
A jornalista Eliane Cantanhêde, da Folha, aderiu à tese de que o
governo brasileiro está contratando escravos cubanos para atuarem como médicos
em regiões remotas do País. O título da sua coluna deste domingo, "Avião
negreiro", já diz tudo. Pela sua lógica, o governo brasileiro estaria
agindo como um senhor de engenho e o ministro da Saúde, Alexandre Padilha,
seria uma espécie de traficante de escravos.
No entanto, os primeiros
cubanos que chegaram ao Brasil na noite de ontem pareciam felizes e dispostos a
colaborar. Pediam apenas respeito e diziam que dinheiro não é o ponto central
de sua atuação (leia mais aqui).
Membro do Núcleo de Estudos Cubanos da Universidade de Brasília, o jornalista
Hélio Doyle explica que, por ser um país socialista, Cuba funciona de modo
diferente e há uma preocupação com a manutenção de baixos níveis de
desigualdade – o que explica o pagamento dos salários, nos convênios já
realizados com dezenas de países, ao governo cubano (leia mais aqui).
Eliane Cantanhêde pensa de modo
distinto. Para ela, é escravidão – e ponto final. "Tente você contratar
alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos, transporte, mas sem
pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa vai receber no fim do
mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho escravo nas suas
costas", diz ela.
Abaixo, sua coluna:
BRASÍLIA - Ninguém pode ser contra um programa que leva médicos, mesmo
estrangeiros, até populações que não têm médicos. Mas o meio jurídico está em
polvorosa com a vinda de 4.000 cubanos em condições esquisitas e sujeitas a uma
enxurrada de processos na Justiça.
A terceirização
no serviço público está na berlinda, e a vinda dos médicos cubanos é vista como
terceirização estatal --e com triangulação. O governo brasileiro paga à Opas
(Organização Pan-Americana da Saúde), que repassa o dinheiro ao governo de
Cuba, que distribui entre os médicos como bem lhe dá na veneta.
Os R$ 10 mil de
brasileiros, portugueses e argentinos não valem para os que vierem da ilha de
Fidel e Raúl Castro. Seguida a média dos médicos cubanos em outros países, eles
só embolsarão de 25% a 40% a que teriam direito, ou de R$ 2.500 a R$ 4.000. O
resto vai para os cofres de Havana.
Pode um
médico ganhar R$ 10 mil, e um outro, só R$ 2.500, pelo mesmo trabalho, as
mesmas horas e o mesmo contratante? Há controvérsias legais. E há gritante injustiça
moral, com o agravante de que os demais podem trazer as famílias, mas os
cubanos, não. Para mantê-los sob as rédeas do regime?
E se dez,
cem ou mil médicos cubanos pedirem asilo? O Brasil vai devolvê-los rapidinho
para Havana num avião venezuelano, como fez com os dois boxeadores? Olha o
escândalo!
O Planalto
e o Ministério da Saúde alegam que os cubanos só vão prestar serviço e que Cuba
mantém esse programa com dezenas de países, mas e daí? É na base de "todo
mundo faz"? Trocar gente por petróleo combina com a Venezuela, não com o
Brasil. Seria classificado como exploração de mão de obra.
Tente você
contratar alguém em troca de moradia, alimentação e, em alguns casos,
transporte, mas sem pagar salário direto e nem ao menos saber quanto a pessoa
vai receber no fim do mês. No mínimo, desabaria uma denúncia de trabalho
escravo nas suas costas.
Fonte: Brasil 247.













