domingo, 25 de agosto de 2013

Cineasta Cacá Diegues destaca vitalidade do cinema brasileiro com filme cearense Cine Holliúdy.

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Em sua crônica publicada na edição deste sábado (24) do jornal O Globo, o cineata Cacá Diegues rasga elogios a produção cearense Cine Holliúdy.
Classificado como "surpreendente comédia antropológica de Halder Gomes", o longa-metragem já levou mais de 100 mil espectadores somente nas salas de cinema do Estado, batendo todos os recordes anteriores.
O texto foi recebido com entusiamos pelo protagonista Edmilson Filho e o diretor Halder Gomes, através do Facebook:
Leia abaixo:
Petrópolis mais Pacatuba Favoritar
Cine Holliúdy e Flores raras são testemunhas excepcionais da vitalidade do cinema brasileiro e das diversas opções que ele tem pela frente. É preciso ir vê-los
O Globo
A maturidade de uma cinematografia nacional se mede pela distância entre seus filmes. O contrário disso seria a sujeição a um único gênero, o tédio imperdoável da representação única de um país. Nada mais inapropriado para o cinema brasileiro, fabricado num vasto território cuja grande vantagem civilizatória é a diversidade de manifestações regionais, étnicas, culturais, suas diferentes geografias física e humana. Mais do que uma forçação de barra, seria um crime cometido contra nós mesmos. Um suicídio cultural.
Um exemplo dessa saudável distância em um mesmo universo está em cartaz no país. De um lado, o belo e sofisticado filme de Bruno Barreto, Flores raras; na outra ponta desse mesmo espectro, Cine Holliudy, a surpreendente comédia antropológica de Halder Gomes.
Walder Gomes, cineasta cearense, dirigiu e produziu Cine Holliúdy, que por enquanto se encontra em cartaz apenas em Fortaleza e mais algumas cidades do Ceará, onde foi realizado na cidade de Pacatuba. Inspirado em curta-metragem de seu diretor, uma comédia que não tem nada a ver com as comédias urbanas do eixo Rio-São Paulo que estamos acostumados a ver, Cine Holliúdy reinaugura com inteligência e perspicácia um gênero regional que já foi cultivado por Amácio Mazzaropi, por exemplo.
Falado em cearensês com legendas em português, esse filme nos conta a história de Francisgleydisson (nome tão cearense, diz um personagem), um amante de cinema que tenta resistir à chegada avassaladora da televisão ao interior do Brasil, naquele início dos anos 1970, outra data de grandes mudanças culturais.
Mais do que uma comédia despretensiosa, Cine Holliúdy registra uma antológica coleção de personagens originais e seu comportamento. Francisgleydisson (Edmilson Filho, comediante digno da tradição cearense de Chico Anísio e Renato Aragão), instalando uma sala de cinema em Pacatuba, se cerca de moradores que vão do prefeito ao bêbado da cidade, do chefe da oposição ao cego que pretende ver o filme (um genial Falcão, o cantor, de cujo personagem alguém diz que pelo menos ele não paga nada à vista), num empolgante corte antropológico de certa civilização brasileira nem sempre visível a todos os olhares do país.
Cine Holliúdy já foi visto por quase 200 mil espectadores, só no Ceará, e chegará em breve às salas do resto do país. Com uma média de 2.300 espectadores por cópia, o filme de Halder Gomes bateu o recorde local de Titanic. Barato, mas sem perder nada de sua qualidade técnica, cheio de curiosos efeitos especiais, Cine Hollyúdi é um exemplo de que o cinema se faz de várias maneiras, e em todas elas o filme pode ser bom. Nesse caso, ele estimula a multiplicação dos editais de BO (baixo orçamento) promovidos pelo Ministério da Cultura, cada vez mais bem-vindos.
Cine Holliúdy e Flores raras são testemunhas excepcionais da vitalidade do cinema brasileiro e das diversas opções que ele tem pela frente. É preciso ir vê-los.
Cacá Diegues é cineasta

Fonte: Ceará News 7.
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