domingo, 4 de fevereiro de 2024

Senadores da CPI da Covid, inclusive Girão e Tasso, teriam sido espionados por 'Abin paralela'.

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    Começam a aparecer mais nomes dos monitorados de forma irregular pela Agência Brasileira de Inteligência durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), conforme apontam suspeitas da Polícia Federal (PF). O órgão investiga o uso da estrutura da agência para que autoridades, pessoas envolvidas em investigações e desafetos do então chefe do Executivo brasileiro fossem espionadas ilegalmente.

    Conforme apurações do correspondente do O POVO em Brasília, João Paulo Biage, todos os senadores da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid foram monitorados, entre eles, o senador cearense Eduardo Girão (Novo), confirmado textualmente. O ex-senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) também foi titular da comissão, portanto teria sido um dos alvos. 

    Além dele, nomes da chamada "tropa de choque" do colegiado também foram investigados como Omar Aziz (PSD), Randolfe Rodrigues (hoje líder do Governo Lula) (sem partido), Otto Alencar (PSD) e Renan Calheiros (MDB). (Confira lista abaixo)

    Sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) também tiveram seus celulares monitorados ao longo do tempo. Apenas três deles tiveram o nome confirmado: Alexandre de Moraes, Luís Roberto Barroso (agora presidente da Corte) e Gilmar Mendes.

    Não escaparam também aliados do ex-presidente, que fizeram parte do primeiro escalão, é o exemplo de Anderson Torres, ministro da Justiça e Segurança Pública e Flávia Arruda, da Secretaria de Governo. Alguns acabaram saindo da gestão como desafetos, como general Carlos Alberto dos Santos Cruz, Casa Civil, que saiu brigado do clã Bolsonaro. Abraham Weintraub, que foi ministro da Educação, também foi monitorado.

    Os nomes avançam para nomes de ainda mais destaque do cenário político, como o presidente da Câmara no primeiro biênio do governo Bolsonaro, Rodrigo Maia (PSDB), como mostrou o colunista da Band, Túlio Amancio. Dois governadores aparecem na listagem prévia: Camilo Santana (PT) (hoje titular da Educação), na época governador do Ceará, e João Dória.

    Deputados federais que foram aliados de Bolsonaro, mas mudaram de posicionamento ao logo do governo passaram a ser rastreados também. São eles Kim Kataguiri (União Brasil) e Alexandre Frota (Pros).

    Foram mais de dois celulares alvos de monitoramento, com cerca de 60 mil acessos pelo programa espião. Os investigadores tiveram acesso aos números dos telefones rastreados, não aos nomes dos espionados, e precisam fazer a correlação.


Confira a lista

Ministros do Governo Bolsonaro

· Abraham Weintraub, ministro da Educação

· Anderson Torres, Ministro da Justiça e Segurança Pública

· Flávia Arruda, da Secretaria de Governo

· General Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Casa Civil

Deputados

· Kim Kataguiri

· Alexandre Frota

· Rodrigo Maia

Parlamentares da CPI da Covid

· Otto Alencar

· Renan Calheiros

· Rogério Carvalho

· Simone Tebet

· Omar Aziz

· Soraya Thronicke

· Humberto Costa

· Randolfe Rodrigues

· Alessandro Vieira

· Eduardo Girão

· Tasso Jereissati

Governadores

· Camilo Santana

· João Dória

Ministros do STF

· Luís Roberto Barroso

· Alexandre de Moraes

· Gilmar Mendes

Abin paralela: como funcionava?

    Segundo investigações da PF, o filho do ex-presidente, Carlos Bolsonaro, tinha grande influência nas ações secretas envolvendo a Abin. Carlos estaria aliado ao ex-diretor da Abin, o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ), que comandou a agência entre 2019 e 2022 e é pré-candidato à Prefeitura do Rio de Janeiro com o apoio de Jair Bolsonaro.

    Carlos e Ramagem supostamente chegaram a criar um grupo paralelo - Abin paralela -, para usar a estrutura da agência no monitoramento ilegal de autoridades públicas e outras pessoas que poderiam fornecer algum tipo de informação relevante.

O que é Abin?

    Vinculada à Casa Civil, a Abin é um órgão da Presidência da República responsável por fornecer informações e análises estratégicas e confiáveis aos ministros e ao próprio presidente quando necessários ao processo decisório nacional.

    A agência é o órgão central do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin) e tem o objetivo de planejar, executar, coordenar, supervisionar e controlar a atividade de inteligência do País.


    Criada em 1999 durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, a agência surgiu em substituição do extinto Serviço Nacional de Informações (SNI), responsável por informações e contrainformações durante a ditadura cívico-militar.

"Abin paralela": Quando todos os nomes serão divulgados?

    O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse na segunda-feira, 29, que encaminhará um ofício STF solicitando a lista de nomes de deputados federais e senadores que possam ter sido monitorados "clandestinamente" pela Abin.


Fonte: Jornal O Povo.

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