Além de acusações de xenofobia, políticos cearenses disseram que a fala de Zema foi uma tentativa de "herdar" o capital político de Bolsonaro, a quem o governador mineiro apoiou nas eleições
A fala do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de defesa de uma frente em prol do “protagonismo” das regiões Sul e Sudeste, colocou no mesmo lado direita e esquerda no Ceará. Neste domingo, 6, políticos do Estado se manifestaram para criticar a fala do governador.
Em entrevista ao Estadão, Zema defendeu uma estruturação do Consórcio Sul-Sudeste (Cossud) para firmar uma aliança "contra" os estados do Norte e Nordeste. Na visão do governador, as unidades federativas estavam sendo tratados de forma diferente. O mineiro fez queixas sobre como, em sua visão, estados "muito menores, em termos de economia e população", conseguem aprovações de projetos no Congresso.
"Outras regiões do Brasil, com estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos", afirmou.
Presidente do União Brasil no Estado, o ex-deputado Capitão Wagner considerou que a fala foi “infeliz, discriminatória, irresponsável”. “O Nordeste pode alavancar a economia do país com seu potencial energético, turístico e capital intelectual inigualável no país. Perdeu a chance de ficar calado!”, disse.
Já o deputado federal Domingos Neto (PSD) endereçou “recado” a Zema, cotado para liderar a direita, com a inelegibilidade de Jair Bolsonaro (PL), e ser candidato em 2026. “A ideia de uma frente Sul-Sudeste fere o princípio federativo que sustenta nossa democracia e é contraproducente. Fica o alerta: quem deseja disputar eleições nos próximos anos precisa se concentrar em (re)unir a sociedade que ainda sofre com cisões. Jamais separá-la”,
Governador Elmano de Freitas (PT) reproduziu nota do Consórcio Nordeste. Assinado pelo presidente da instituição, o governador da Paraíba, João Azevêdo (PSB). O Consórcio Nordeste avaliou “ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste”, Zema indicaria um movimento de” tensionamento com o Norte e o Nordeste”.
Já o secretário de Articulação Política da gestão, Waldemir Catanho (PT), considerou a falas como xenofóbicas. Ele também fez menção a uma possível tentativa de Zema de herdar o capital político de Bolsonaro.” Ele quer herdar os votos de Bolsonaro e segue o mesmo caminho: o da xenofobia contra o povo trabalhador nordestino”, disse.
Fonte: Jornal O Povo.