A baixa de R$ 0,40 determinada pela Petrobras na venda às refinarias não surtiu efeito para o consumidor final no Ceará. Ao contrário, o preço médio do litro vendido nos postos do Estado teve uma nova alta na última semana, saindo de R$ 5,82 para R$ 5,87 - alta de 0,85%.
O Estado é o segundo com a maior alta no Brasil, entre os dias 14 e 20 de maio, perdendo apenas para o Acre, que registrou aumento de 2,24% no litro da gasolina. Além destes, mais três estados elevaram os preços no período e figuram nesta lista ruim para os consumidores. São eles: Amapá (0,58%), Alagoas (0,35%) e Pará (0,18%).
Com o aumento, o Ceará continua sendo o estado com o maior preço do combustível da região Nordeste e figura entre os cinco mais caros do País.
Veja o ranking dos estados brasileiros:
(Do maior para o menor preço médio - de 14 a 20 maio)
1. Amazonas - R$ 6,56
2. Acre - R$ 6,39
3. Rondônia - R$ 5,98
4. Roraima - R$ 5,95
5. Ceará - R$ 5,87
6. Tocantins - R$ 5,77
7. Piauí - R$ 5,73
8. Alagoas - R$ 5,69
9. Santa Catarina - R$ 5,66
10. Rio Grande Do Norte - R$ 5,65
11. Rio De Janeiro - R$ 5,59
12. Distrito Federal - R$ 5,57
13. Paraná - R$ 5,54
14. Goiás - R$ 5,53
15. Mato Grosso - R$ 5,50
16. Espírito Santo - R$ 5,48
17. Pará - R$ 5,45
18. Bahia - R$ 5,39
19. São Paulo - R$ 5,33
20. Maranhão - R$ 5,30
21. Minas Gerais - R$ 5,27
22. Rio Grande Do Sul - R$ 5,24
23. Paraíba - R$ 5,22
24. Pernambuco - R$ 5,19
25. Mato Grosso Do Sul - R$ 5,17
26. Amapá - R$ 5,14
27. Sergipe - R$ 5,10
Quando se olha apenas para os municípios do Ceará, o que chama atenção é o de Itapipoca, que tem a gasolina mais cara registrada pela ANP, passando da casa dos R$ 6, mais precisamente R$ 6,13. A segunda cidade com a gasolina mais cara é Quixadá, com R$ 5,98.
Já o município com o combustível mais barato, dos 13 analisados, é Juazeiro do Norte, com a média de R$ 5,39. Fortaleza aparece em quinto no ranking dos municípios, com uma média de R$ 5,91.
Segundo levantamento do O POVO, os maiores preços têm se concentrado em postos de combustíveis de bairros como Aldeota, Dionísio Torres e Meireles.
Veja o ranking dos municípios do Ceará:
(Do maior para o menor preço médio - de 14 a 20 maio)
l Itapipoca - R$ 6,13
l Quixada - R$5,98
l Caucaia - R$ 5,92
l Crateús - R$ 5,91
l Fortaleza - R$ 5,91
l Maracanaú - R$ 5,89
l Limoeiro do Norte - R$ 5,88
l Iguatu - R$ 5,87
l Icó - R$ 5,80
l Sobral - R$ 5,78
l Crato - R$ 5,64
l Canindé - R$ 5,63
l Juazeiro do Norte - R$ 5,39
Acompanhe os últimos acontecimentos sobre os combustíveis:
Na última segunda-feira, 15, a diretoria da Petrobras aprovou uma estratégia comercial para definição de preços de diesel e gasolina que encerrou a subordinação dos valores ao preço de paridade de importação e os vinculou ao mercado nacional.
E na quarta-feira, 17, entrou em vigor a redução para as refinarias no preço médio da gasolina de R$ 0,40, com o valor por litro recuando de R$ 3,18 para R$ 2,78. Queda de 12,6%.
Já o diesel teve redução média de 12,8%, ou R$ 0,44 por litro. O que fez com que o preço médio do produto caísse de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro no topo da cadeia.
A queda mais expressiva, porém, é no Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, com uma redução de R$ 0,69 por quilo no preço médio (-21,3%).
Em nota divulgada na terça-feira, 16, logo após o anúncio, a Petrobras destacou que o valor efetivamente cobrado ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores, como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro das distribuidoras e da revenda.
Na quarta-feira, 17, ao invés de baixa nos preços das bombas, consumidores relataram ao O POVO altas que variavam de R$ 0,20 a R$ 0,40. As denúncias eram que estabelecimentos subiram o preço para baixarem depois.
Monitoramento dos preços
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) anunciou que oficiou aos Procons estaduais e municipais de todo o País para intensificarem o monitoramento dos postos de combustíveis.
Medida visa assegurar que a redução nos preços feita às distribuidoras pela Petrobras cheguem efetivamente ao consumidor final.
Fiscalização dos postos de gasolina
Ao anunciar a intensificação da fiscalização, o secretário Nacional do Consumidor, Wadih Damous, explicou que o monitoramento é fundamental para assegurar que a redução dos preços pela Petrobras realmente chegue aos consumidores.
"Nós queremos monitorar se essa redução chegou ao bolso das consumidoras e dos consumidores. Neste sentido, solicitei aos Procons de todo o Brasil que exerçam a devida fiscalização", justificou, ao citar notícias veiculadas na imprensa sobre estabelecimentos que teriam aumentado preços antes de a Petrobras anunciar a queda.
Segundo Damous, esses estabelecimentos serão devidamente fiscalizados. "Não aceitaremos que postos se valham de fraude para aumentar os preços hoje e dizerem que reduziram amanhã".
A presidente da Proteção ao Consumidor de Fortaleza (Procon Fortaleza), Eneylândia Rabelo, reforçou que recebe rotineiramente denúncias de preços abusivos e o procedimento adotado é de abrir processo administrativo contra a empresa denunciada.
"Nós solicitamos diversos documentos para que seja feita uma análise dos valores comprados e vendidos. Após um processo com várias possibilidades de defesa, o Procon, identificando alguma prática abusiva, poderá aplicar penalidades". (Colaborou Fabiana Melo/Especial para O POVO e Agência Brasil)
Política de preços da Petrobras
A Petrobras divulgou na terça-feira, 16, nova estratégia comercial para definição de preços em substituição ao Preço de Paridade Internacional (PPI).
De acordo com o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, a "referência internacional do preço do petróleo", continua sendo considerada, mas em outro modelo. A partir de agora, entram na conta também como prioridade o custo alternativo do cliente e o valor marginal para a estatal.
O primeiro indicador contempla alternativas de suprimento por fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos. Já o custo marginal da Petrobras se baseia no custo das diversas alternativas para a empresa, entre elas a produção, importação e exportação do produto.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, analisou que, com essa estratégia comercial, a companhia vai ser mais eficiente e competitiva, atuando com mais flexibilidade para disputar mercados.
"Vamos continuar seguindo as referências de mercado, sem abdicar das vantagens competitivas de ser uma empresa com grande capacidade de produção e estrutura de escoamento e transporte em todo o país."
Como fica a política de preços da Petrobras
Como era antes:
Cálculo levava em conta preços praticados no mercado internacional
Referência principal era cotação do barril de petróleo tipo brent, calculado em dólar
Era incorporada margem para remuneração de risco e considerados fretes de navios, logística e taxas portuárias
Estatal sem autonomia para contrabalancear as grandes variações e para evitar fortes repercussões no Brasil que chegassem ao consumidor
Como vai ser agora:
Preços não deixam de levar em conta mercado internacional, mas adotam outras referências para o cálculo como indicadores do mercado interno
Esforço de mediação entre interesse de acionistas e o papel social da estatal defendido pelo governo
Cálculo leva em conta o "custo alternativo do cliente", observando preços praticados por outros fornecedores que ofereçam produtos similares
Modelo inclui "valor marginal para Petrobras", definido com base nas melhores condições obtidas pela companhia para produção, importação e exportação
Fonte: O Povo.