Os deputados Susan Wild, Raúl Grijalva e Chuy Garcia, que compõem a base do presidente Joe Biden, afirmam que as condições de desnutrição severa e a epidemia de malária e verminoses entre os Yanomami, que vitimaram centenas de crianças indígenas nos últimos quatro anos, são de responsabilidade direta do antigo governo que, ainda segundo eles, não atuou para coibir a ocupação ilegal do território por garimpeiros. Por isso, pedem a punição judicial de Bolsonaro.
Em entrevista à BBC News Brasil, o deputado Grijalva disse que o que se viu com os Yanomami, cujas fotografias de extrema magreza correram o mundo, "formam um quadro de genocídio". "Os EUA precisam fazer mais do que ficar assistindo e comentando", defendeu Grijalva.
"Ao retirar fundos e desmantelar as principais agências ambientais e de direitos humanos, apoiar projetos de lei para abrir terras indígenas à mineração e atacar constantemente os povos indígenas durante sua presidência, Bolsonaro permitiu que garimpeiros ilegais invadissem o território Yanomami e conduzissem suas atividades com impunidade", diz a declaração.
"Os crimes cometidos pelo governo Bolsonaro devem agora ser enfrentados com justiça e responsabilização", escrevem os congressistas na declaração, referindo-se à retirada de orçamento de órgãos como Ibama e Funai e ao apoio legislativo da base bolsonarista a projetos de mineração em áreas indígenas.
No Brasil, integrantes da gestão Bolsonaro, incluindo o próprio presidente, são alvos de inquérito que apura omissão e negligência em relação aos Yanomami. Todos negaram repetidas vezes ter cometido qualquer irregularidade.
A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) também denunciou o então presidente Bolsonaro por genocídio no Tribunal Penal Internacional, em Haia.
A alguns interlocutores, Bolsonaro já demonstrou preocupação em relação ao andamento deste processo no Brasil - embora negue ter qualquer responsabilidade sobre a situação precária dos indígenas Yanomami, que acusou ser uma "farsa" da esquerda.
Fonte: BBC Brasil.