Autores da chacina em Sinop não pouparam nem mulher e criança. Edgar, que usou uma espingarda, se tornou CAC a partir do decreto de Bolsonaro que facilitou o acesso às armas; ele postava vídeos nas redes praticando tiros e militava em defesa do ex-presidente. Vítimas foram atingidas pelas costas e não tiveram chance de defesa.
Ezequias Souza Ribeiro e Edgar Ricardo de Oliveira cometeram o crime mais brutal e covarde de 2023. Eles executaram à queima-roupa sete pessoas na cidade de Sinop, no Mato Grosso, após perderem uma partida de sinuca. Os homens atiraram contra uma mulher e uma criança de 12 anos.
Edgar (imagem acima) conseguiu o cadastro como Colecionador, Atirador Esportivo e Caçador (CAC) após os decretos de Jair Bolsonaro (PL) que facilitaram o acesso a armas de fogo. Edgar frequentava um clube de tiros da cidade e postava vídeos nas redes praticando disparos. Ele era militante fervoroso do ex-presidente.
Ezequias, que acabou morto em confronto com a polícia, também demonstrava apoio a Bolsonaro nas redes. Na manhã desta quarta-feira (22), a polícia apreendeu a espingarda calibre 12 mm e a caminhonete usadas durante a chacina.
Edgar e Ezequias mataram seis homens e uma menina de 12 anos, depois que perderam partidas de jogos de sinuca em um bar. A mãe da menina também foi atingida, mas sobreviveu. Segundo a Polícia Civil, a dupla teria perdido mais de R$ 4 mil em apostas.
As câmeras de segurança do bar registraram o momento da execução. Nas imagens, é possível ver quando Ezequias, de camiseta azul, armado com uma pistola, rende as pessoas e as leva para perto de uma parede.
Enquanto isso, Edgar, de camiseta listrada, pega uma espingarda, calibre 12 mm, na caminhonete estacionada em frente ao estabelecimento e volta atirando várias vezes. A adolescente, depois de vários disparos, tenta correr para fora do estabelecimento. Ela e outro homem foram mortos, segundo a perícia, com tiros nas costas.
Antes de fugirem na caminhonete, o bolsonarista pega uma quantia de dinheiro que está em uma das mesas de sinuca, além de outros objetos. Edgar se entregou à polícia nesta quinta-feira (23) na companhia de advogados.
Entenda o crime
De acordo com o delegado Bráulio Junqueira, Edgar participava de um jogo de sinuca contra Getúlio, uma das vítimas, e perdeu cerca de R$ 4 mil pela manhã. Inconformado, ele voltou para o bar no período da tarde na companhia de Ezequiel e desafiou Getúlio novamente. Eles jogaram mais algumas partidas e também perderam.
Segundo o delegado, Edgar ficou revoltado e, em seguida, deu um sinal para Ezequias, que rendeu todas as pessoas, enquanto o comparsa pegava uma espingarda no carro.
“O primeiro a disparar foi o Ezequias, que deu um tiro no Bruno, dono do bar, e depois um tiro pelas costas do Getúlio, que caiu, e recebeu mais dois tiros na cabeça. Enquanto isso, Edgar disparava de 12”, explicou.
O delegado Bráulio afirmou que nove pessoas foram rendidas e apenas duas delas sobreviveram. Conforme relato de testemunhas à polícia, o clima no local era tranquilo e não houve discussão ou qualquer outra desavença no bar antes do crime.
Antes da chacina, algumas das vítimas gravaram vídeos no estabelecimento. As imagens das câmeras de segurança também mostravam uma movimentação tranquila no local.
As vítimas
1. Larissa Frasao de Almeida, de 12 anos (filha de Getúlio)
2. Getúlio Rodrigues Frasão Júnior, de 36 anos (pai de Larissa e marido de Raquel)
3. Orisberto Pereira Sousa, de 38 anos, cliente do bar
4. Adriano Balbinote, de 46 anos, cliente do bar
5. Josué Ramos Tenório, de 48 anos, cliente que parou para assistir ao jogo
6. Maciel Bruno de Andrade Costa, de 35 anos
7. Elizeu Santos da Silva, 47 anos
1. Raquel Gomes (sobrevivente, mulher de Getúlio)
2. Luiz Carlos Souza (sobrevivente, sobrinho de Getúlio)
Edgar e Ezequias
Ezequias tem passagens pela polícia por porte de arma ilegal, roubo, formação de quadrilha, lesão corporal e ameaça, além de possuir um mandado de prisão em aberto. Edgar tem passagem na polícia por violência doméstica.
Fonte: Pragmatismo Político.