Quase uma semana depois da invasão e depredação das sedes dos Poderes em Brasília, a imprensa francesa continua a repercutir, neste sábado (14), as investigações para identificar e punir os responsáveis pelos atos de vandalismo.
O portal de notícias France Info, o maior do país, relata que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, aceitou incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro nas investigações a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). As autoridades brasileiras "procuram esclarecer a incitação e a autoria intelectual do vandalismo praticado contra os edifícios que abrigam os Três Poderes em Brasília", uma semana após Luiz Inácio Lula da Silva assumir a presidência.
A agência AFP informa que a PGR apontou um vídeo postado por Bolsonaro em suas redes sociais, no dia 10 de janeiro, portanto dois dias depois dos ataques, questionando o resultado eleitoral de outubro. O Ministério Público argumentou que o vídeo, embora divulgado depois dos fatos, poderia fornecer "um elo de prova" que justificasse "uma investigação global sobre os atos realizados antes e depois de 8 de janeiro de 2023" por Bolsonaro. Ele está nos Estados Unidos desde o final de dezembro.
Na avaliação de France Info, os agentes da Polícia Federal (PF) "fizeram um trabalho minucioso" e colossal recolhendo "todas as impressões digitais deixadas pelos invadores" no dia 8. Cerca de 1.500 participantes dos atos de vandalismo foram detidos, relata o correspondente em Brasília. "Muitos deles ainda estão nas mãos da Polícia Federal e vários já foram indiciados na Justiça", acrescenta o portal.
A plataforma de notícias francesa considera "surpreendente" que todos os detidos tenham admitido que foram financiados para ir a Brasília. "Entre os organizadores, o nome de 'Ramiro, o caminhoneiro' está circulando insistentemente, um homem próximo de Bolsonaro e de sindicatos brasileiros de transporte", explica a reportagem.
Este homem, após a insurreição, postou um vídeo do interior do ginásio onde os invasores estavam reunidos e referiu-se ao local como "um campo de concentração, onde já estavam vivenciando o nazismo". No mesmo vídeo, ele incita a nova mobilização. "Você que não fez nada para mudar o Brasil, pare o que você está fazendo, vá para as estradas e faça o que você tem que fazer! Aqueles que estão aqui estão lutando por você", diz o autor do vídeo.
A "luta" dos apoiadores de Bolsonaro foi patrocinada, acrescenta o site, com ônibus, hotéis e refeições pagos por empresários do agronegócio e defensores de armas, "perfis que o sistema de Justiça brasileiro também está investigando", conclui a reportagem da emissora de rádio e TV France Info.
Fonte: Uol.