quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Bloqueio de estradas já estava sendo articulado nas redes semanas antes da votação.

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    “Preparem as barracas, o povo nas cidades vai para os quartéis os caminhoneiros e o agro irão parar às rodovias”, diz a mensagem, com erros de ortografia, que circulou no Telegram bolsonarista. Apesar da paralisação antidemocrática ter se concretizado apenas no final de outubro — após o resultado das eleições que declararam a derrota de Jair Bolsonaro para Lula — o chamado foi disparado semanas antes, no dia 14. “DIA 30 vamos votar e PERMANECER NAS RUAS”, previa a convocação.

 

    Investigação da Agência Pública descobriu que a mensagem, enviada no grupo ODB Ordem de Cristo, com 3,5 mil membros, não foi um conteúdo isolado.

 

    Durante todo o período que antecedeu o 2º turno, chamados de paralisação de caminhoneiros circularam em grupos bolsonaristas. A maioria dos grupos não permite ver a quantidade de visualizações de cada postagem. As mensagens mostram que os extremistas traçaram ao menos dois cenários: realizar a paralisação nas semanas anteriores à votação ou logo após a divulgação dos resultados, no que já chamavam de “contra-golpe” – antes mesmo da eleição acontecer.

 

    “Intervenção civil é dias e dias a fio.. até que o ORDENAMENTO DO POVO SOBERANO SEJA CUMPRIDA”, defende uma mensagem compartilhada no grupo Conservadores, com 2,1 mil membros, no dia 15 de outubro. Dois dias depois, um novo chamamento ilegal no grupo também citaria os caminhoneiros: “caminhoneiros e o agro irão parar às rodovias!!! O Lula e o STF só teme as FFAA! Selva!”

 

    Segundo a lei 14.197/2021, atentar contra as instituições democráticas é crime e pode levar de 4 a 12 anos de reclusão.

 

    Já no dia 19, uma nova mensagem no grupo traçou o plano: “Se houver golpe. *Todos* precisamos fazer o contra golpe *imediatamente* após o anúncio. O povo precisa, uma parte cercar os cartórios eleitorais e sedes do TSE e outra parte ir para as portas dos quartéis e caminhoneiros e agricultores trancar os trevos de rodovias em DEDOBEDIENCIA CIVIL”.

 

    Essa mensagem e diversas outras que chamaram a paralisação de caminhoneiros fizeram menção a um discurso realizado por Bolsonaro em Pelotas, no Rio Grande do Sul, no dia 11 de outubro. Segundo os extremistas, a fala do presidente para que os eleitores permanecessem na seção após a votação seria um indicativo para as paralisações.


Fonte: Carta Capital.

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