sexta-feira, 4 de novembro de 2022

Atirador de escola em Sobral nunca deu queixa de bullying na escola, diz secretária de Educação do Ceará.

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    O adolescente de 15 anos, usando a arma registrada no nome de um homem com registro de CAC (Colecionador, atirador desportivo e caçador), que feriu três adolescentes na manhã de quarta-feira na Escola Professora Carmosina Ferreira Gomes, colégio estadual de Sobral (CE) nunca se queixou na escola sobre bullying, afirma a secretária de Educação do estado, Eliana Estrela.

 

    — Essa é uma escola com histórico de clima bom. Conversamos com o diretor, os psicólogos e os servidores. Amanhã (hoje) vai uma equipe para fortalecer os vínculos no colégio e apoiar as famílias — afirmou Estrela. — Até o momento, o que me foi informado é que não havia nenhuma queixa dele, nenhum tipo de problema.

 

    Sobral é um símbolo da educação de qualidade brasileira. Foi lá que começou a implementação de um dos mais importantes modelos pedagógicos do país, quando a atual governadora do estado, Izolda Cela, era secretária de Educação do município. Baseado em avaliação, currículo bem definido, formação de professores e direção escolar com critérios técnicos, o método e seus resultados levaram a cidade às maiores taxas de aprendizagem do país, que influenciaram o restante do estado e tornaram Sobral referência internacional.

 

    O atirador foi apreendido pela polícia. Em depoimento, ele contou que era vítima de bullying e premeditou o ataque. A versão ainda é investigada pela polícia. O adolescente disparou a arma sem tirá-la da mochila, num intervalo das aulas.

 

    As três vítimas são adolescentes do 1º ano do ensino médio, e o que está em estado mais grave também tem 15 anos. Ele levou um tiro na cabeça e está intubado. Outro ferido na cabeça já recebeu alta médica. O terceiro foi baleado na perna e passará por cirurgia para retirar o projétil, segundo a Santa Casa de Sobral, para onde os três foram levados.

 

Origem da arma

 

    O secretário de Segurança do Ceará, Sandro Caron, disse são investigadas as circunstâncias em que a pistola usada no ataque chegou às mãos do jovem. Caron disse ter ouvido relatos da escola de que o estudante afirmava há algum tempo que o pai dele tinha uma arma.

 

    A polícia já sabe que o revólver está registrado no nome de um CAC, e investiga se foi feita uma compra ilegal. Tanto o pai do atirador quanto o homem que consta no registro da arma foram ouvidos no inquérito.


    — Se alguém favoreceu que um adolescente cometesse um crime, esta pessoa também cometeu o crime. Essa é a nossa prioridade para entender o que levou a esta tragédia — afirmou Caron.

 

    Em nota, Izolda Cela classificou o ataque como uma tragédia e determinou resposta rápida para o caso, sobretudo sobre a origem da arma utilizada.

 

    A polícia já cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do atirador, onde apreendeu computador e outros materiais. Testemunhas serão chamadas para depor.

 

    Para Isabel Figueiredo, conselheira do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o aumento crescente da circulação de armas desde o início do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) tem contribuído para o crescimento, da incidência de crimes como o de ontem.

 

    — Os CACs cresceram de forma gigantesca nos últimos quatro anos, e a quantidade de armas que têm em mãos também. T emos tido um aumento preocupante nos casos que são noticiados envolvendo armamentos registrados com esta categoria — afirma.

 

    O Brasil tem visto um aumento no número de casos de atiradores em escolas, o que levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a fechar uma parceria com a Agência americana de Investigações de Segurança Interna. Em 2021, a pasta informou que 10 massacres em escolas foram evitados com trabalhos de inteligência e antecipação.

 

Terceiro caso

 

    Este é o terceiro caso de ataque em escola nos últimos três meses. Há pouco mais de uma semana, um adolescente de 14 anos entrou armado na escola cívico-militar Eurides Sant'anna, em Barreiras, na Bahia, e disparou várias vezes, matando uma aluna cadeirante de 19 anos. Ele foi baleado pela polícia e está internado em estado grave.

 

    Em agosto, um jovem de 18 anos invadiu uma escola municipal de Vitória com dispositivos de disparo de flechas, facas e garrafas de coquetel molotov. Os alunos e professores chegaram a montar barricadas para impedir a entrada do rapaz nas salas de aula, a PM foi acionada rapidamente e ninguém ficou ferido.

 

Fonte: Jornal Extra.

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