Ao saber que políticos da chamada terceira via
aceitam conversar com ele para a definição de uma chapa única à Presidência da
República, desde que esteja "desarmado", o candidato do PDT ao
Palácio do Planalto, Ciro Gomes, reagiu com ironia.
"Desarmado? Eu nunca andei armado na
vida", afirmou Ciro, que estava nesta segunda-feira, 18, em Brasília, onde
participou do lançamento da pré-candidatura da senadora Leila Barros (PDT-DF).
"Como não podem me chamar de picareta, de desonesto, porque eu tenho 40
anos de vida limpa, não podem me acusar de incompetência, porque também tenho
uma biografia que me qualifica, ficam inventando essas coisas, que não sei que
diabo é", completou ele.
Apesar do comentário, o
ex-ministro fez um aceno ao MDB, União Brasil, PSDB e Cidadania — que
decidiram anunciar um candidato de consenso no dia 18 de maio — e disse
que a saída do ex-juiz Sérgio Moro da disputa abre caminho para as negociações.
"Ainda bem que vocês
saltaram essa fogueira que estava aí", observou o presidenciável do PDT ao
citar o Podemos - partido que havia tentado lançar Moro ao Planalto — e
mandar um abraço para o "amigo Alvaro Dias", líder do partido no
Senado. Moro deixou o Podemos e se filiou ao União Brasil.
Ciro disse que vai
procurar outros partidos e espera se mostrar competitivo até julho na disputa
com Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O
ex-ministro repetiu que é o único pré-candidato com "proposta
consistente" contra o sistema econômico em vigor no País e elogiou o
presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), ao ser perguntado se gostaria
de ter um vice mineiro. "Se eu pudesse era bom, sô, era bom demais. O trem
seria bom", respondeu ele, usando expressões de Minas.
Na campanha do PDT, a
avaliação é a de que Lula estará no segundo turno e, portanto, é preciso atrair
votos dos dois lados, além dos indecisos, para tirar Bolsonaro da segunda etapa
da eleição. Mesmo assim, Ciro disse que, se for para o segundo turno, pode
derrotar Bolsonaro com 20 pontos de vantagem. Afirmou, ainda, que é o único
capaz de vencer Lula. "Eu sou da luta, meu irmão. Eu só quero ser
presidente se for para mudar o Brasil. Se for para deixar como está aí, chama o
Lula e vocês vão ver o que é bom para tosse", provocou.
Até agora, todas as
pesquisas de intenção de voto indicam um cenário polarizado entre Lula e
Bolsonaro. A terceira via avalia, porém, que tem condições de tirar votos de
Bolsonaro para chegar ao segundo turno. No último levantamento do Ipespe e
Quaest/Genial, o presidente avançou e atingiu 30% com a saída de Sérgio Moro
(União Brasil) da disputa.
Recentemente, Ciro chamou
os presidenciáveis da terceira via de "viúvas de Bolsonaro" por terem
abandonado o presidente após as eleições de 2018. As críticas incomodaram os
outros pré-candidatos do grupo.
"Temos expectativa
de que Ciro, em algum momento, se disponha a participar dessa mesa de debates
de uma forma desarmada. Mas, até o momento, a estratégia que ele usa é de
agredir tudo e todos para tentar marcar algum ponto", disse ao
Estadão/Broadcast Político o senador Alessandro Vieira (PSDB-SE). "Ciro é
uma viúva do próprio Ciro."
O pré-candidato do PDT já
conversou sobre alianças eleitorais com Pacheco e com o presidente do União
Brasil, Luciano Bivar, que também se lançou na disputa. Pacheco desistiu de
concorrer ao Planalto e pretende ser candidato a novo mandato no comando do
Senado, em 2023.
"O que nós temos
defendido é que, para além da negação ao Lula e ao Bolsonaro, cada um apresente
o seu projeto para o Brasil e a gente veja onde é possível negociar, para não
ser só o projeto da negação nem só o projeto pessoal", afirmou o senador
Cid Gomes, irmão de Ciro e um dos articuladores de sua candidatura. A senadora
Simone Tebet, pré-candidata do MDB que vem sendo elogiada pelo ex-ministro,
admitiu procurar o presidenciável do PDT para um "cafezinho".
O POVO