Uma recém-nascida, com 18 dias de vida, foi salva, por telefone, de um engasgo, na tarde do último domingo, 10, por profissionais da equipe do SAMU 192. O episódio aconteceu no município de Lavras da Mangabeira, no Cariri.
A bebê se engasgou enquanto mamava e apresentou
sinais de asfixia. Com as instruções da equipe médica por telefone, a própria
família realizou os procedimentos necessários e, felizmente, conseguiu
desobstruir as vias aéreas da recém-nascida.
A equipe de médicos da
Central de Regulação de Urgência (CRU) de Juazeiro do Norte recebeu a ligação
por volta das 12h45min. Do outro lado da linha estava Fabrício Alves Rodrigues,
de 21 anos, pai da criança. Com a esposa ainda se recuperando de uma cesárea,
foi ele quem tomou a iniciativa de ligar para o serviço de emergência ao se
deparar com o estado da filha.
Ao O POVO, ele relata o
momento. "Minha esposa foi dar de mamar a bebê. Pouco tempo depois, quando
ela tirou (a bebê do peito), ela já percebeu que ela estava sem conseguir
respirar bem e já começou ficar roxa. A primeira coisa que eu fiz foi lembrar
do SAMU", conta o pai.
Mesmo aflito, o pai conseguiu descrever ao médico do
SAMU que a criança estava com sinais de déficit de oxigenação e baixa
consciência. Rapidamente, o profissional o instruiu a fazer a manobra de
Heimlich, procedimento padrão em caso de engasgos, adaptada para um bebê.
"Eu coloquei a bebê de bruços, com a mão segurando o tórax dela e dei
cinco palmadinhas nas costas dela, de leve. Aí foi quando ela cuspiu um pouco
de leite no chão e começou a chorar", explica Fabrício.
O pai conta ainda que,
passada a situação mais grave, não demorou para que a ambulância de Unidade de
Suporte Básico (USB) chegasse ao local. "Os médicos fizeram
alguns procedimentos ainda na sala da minha casa, olharam a saturação e tudo", continua. Após isso, a pequena Maria
Cecília foi encaminhada para o Hospital Municipal São Vicente Férrer, em Lavras
da Mangabeira.
O médico de plantão da
CRU, Álvaro Carvalho, foi quem atendeu o chamado e passou as
primeiras orientações à família.
"Prestar um atendimento a distância é sempre um desafio, pois estamos em
uma situação em que não conseguimos ter a percepção real do que está
acontecendo, o que faz com tenhamos que ter mais cuidado e atenção nesse perfil
de atendimento", conta o profissional.
Apesar de ter recebido
alta no mesmo dia, a pequena Maria Cecília, agora com 19 dias de vida, voltou
a ser hospitalizada na tarde
dessa segunda-feira, 11, por apresentar sinais de refluxo. Até o momento,
contudo, ainda não há um diagnóstico para o atual estado de saúde da
recém-nascida
Como se prevenir
O médico do SAMU 192 dá o
alerta para os cuidados com engasgos em bebês recém-nascidos e
crianças pequenas. "É
muito importante analisarmos as posturas durante o ato de amamentar. De
preferência, tentar manter a posição sentada e estar atento também a quantidade
de leite ingerido. Se a criança começa a acumular leite em sua boca e esse
começa a escorrer, é um sinal de que ela pode engasgar. Então deve ser tirado
do peito", explica Álvaro.
Outra questão apontada
por Álvaro é que, após cada mamada, é muito importante que a mãe, o pai ou
algum cuidador prossiga com a indução do processo digestivo. Deve-se segurar
a criança no colo, de preferência em pé, e fazer uma caminhada. A intenção é induzir o arroto ou, até mesmo, a
regurgitação do excesso, que conhecemos popularmente como gorfo, antes de
deitar essa criança. Dessa forma, o risco de engasgos ou até de pneumonias
aspirativas é reduzido consideravelmente.
O POVO