Uma família de Crateús,
no interior do Ceará, resolveu fazer um velório e enterro para um cão, na
última quarta-feira (2). Alfredo, que estava há quase oito anos com a família,
morreu após cair em uma cacimba, espécie de poço, em um terreno baldio. A forte
relação da família com o animal foi decisiva para o processo de despedida.
“Ele era um membro da
família, jamais a gente ia só enterrar. A gente chamou uma funerária. Eles
chegaram com a urna. Aí a gente fez todo o procedimento. Só não velamos como de
costume, por um tempo, porque ele já estava em estado de decomposição”, explica
Marielle Rodrigues, neta dos tutores de Alfredo.
Alfredo morava como os
avós de Marielle, um casal que tem 81 e 75 anos. O animal veio de uma cidade da
Paraíba, onde um tio dela morava. Ele ganhou quando fez aniversário. Depois,
ele foi transferido de cidade e deixou o animal sob os cuidados dos pais. Ele
ia completar oito anos em maio.
Acidente em terreno baldio
O animal sumiu na manhã da
sexta-feira de carnaval, dia 25, e foi encontrado apenas na quarta-feira de
cinzas, dia 2. Marielle disse que a família iniciou um trabalho de buscas que
teve ajuda de blogueiras e outros sites do município. Eles ofereceram até
recompensa pelo paradeiro do cão.
“Na quarta-feira, eu recebi uma ligação
de um comerciante, mas eu não vi, não atendi. Aí ele foi na loja do meu esposo
dizendo que achava que tinha encontrado ele morto. Então, meu esposo resolveu
ir averiguar. Coincidentemente, eu ia passando na mesma hora, aí resolvi seguir
meu esposo”, lembra Marielle, que é gerente de vendas.
Ela disse que, na quarta-feira, quando o comerciante
abriu a loja após o feriado de carnaval, ele sentiu o mau cheiro que vinha de
um terreno baldio ao lado. No local, há um cacimbão com água. Alfredo estava
caído, morto, neste ponto.
Com isto, a família acredita que Alfredo estava no
terreno baldio com outros animais, mas por conta do mato alto, ele não viu o
cacimbão e acabou caindo. Marielle informou ainda que, para a remoção do corpo
de Alfredo, foi preciso acionar o Corpo de Bombeiros.
Despedida de Alfredo
Após
passar cinco dias desaparecido, o velório e enterro aconteceram no mesmo dia em
que ele foi encontrado, na quarta-feira. Contudo, a despedida teve de ser breve
por conta do estado em que o corpo se encontrava.
Marielle disse que, antes
de ir ao cemitério enterrar, a família e alguns vizinhos mais próximos ficaram
cerca de 40 minutos com o caixão para poder se despedir de Alfredo.
“Ele teve tudo que
qualquer outro membro da família, como um avô, um irmão, um primo, teria se,
Deus nos livre, chegasse a morrer. Iria ser do mesmo jeito, que nem um ser
humano”, declara Marielle.
O avô dela possui um
comércio no Bairro São Vicente, em Crateús, onde o cão passava o dia deitado,
por isso muitas pessoas do bairro o conheciam. Ela disse que o Alfredo era
bastante dócil e querido, já que tinha contato com muitas pessoas no
estabelecimento.
A ausência de Alfredo, inclusive, abalou o dia a dia
dos avós dela. “Quem ama, quem cuida, considera como uma pessoa da família. Meus
avós abriram o comércio nos últimos dois dias e só choram”, lamenta Marielle.
“Nós ainda pensamos em cremar, só que pelo estado
que ele estava, não conseguimos. Íamos mandar ele para Fortaleza para cremar,
mas não tivemos como”, diz Marielle.
G1 CEARÁ