O ministro da Educação, Milton Ribeiro, comunicou,
nesta segunda-feira, 28, sua exoneração do cargo. A decisão acontece após o
titular da pasta sugerir, em áudio publicado na última semana, um suposto
favorecimento na aplicação de recursos da Educação em troca de vantagens para
pastores e igrejas. Segundo ele, a orientação atendia a um "pedido
especial" do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Segundo informações da CNN Brasil, em carta a ser
enviada a Bolsonaro, o ministro afirma: “Não me despedirei, direi até breve”.
Em conversa gravada, Ribeiro admitiu que prioriza o atendimento a prefeitos que
chegam ao ministério por meio dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.
"Foi um pedido especial que o Presidente da
República fez para mim sobre a questão do [pastor] Gilmar", diz o ministro
no áudio obtido pela Folha de São Paulo, durante reunião com Arilton e
Santos. "Porque a minha prioridade é atender primeiro os municípios que
mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor
Gilmar", afirma.
Participavam da
conversa prefeitos, os dois religiosos envolvidos no caso e lideranças do
Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O encontro foi realizado
dentro do MEC. O tema a ser discutida abordava orçamento da pasta, cortes
na educação, e ainda sobre a liberação de recursos para essas obras.
Após grande repercussão
do caso, Ribeiro virou alvo de um inquérito da
Polícia Federal (PF) e do
Supremo Tribunal Federal (STF) por suspeitas de favorecimentos a pastores na
distribuição de verbas do MEC. Em outro inquérito, a PF também investiga
as supostas irregularidades. Na última quinta-feira, 24, a polícia recebeu um
relatório da Controladoria-Geral da União (CGU). Segundo o órgão, os fatos são
investigados desde o ano passado, antes da divulgação da gravação.
Na última sexta-feira,
25, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou que o áudio
vazado do ministro da Educação
"despertou obviamente em todas as instituições certa perplexidade". Durante participação do XXIV Congresso Nacional
do Ministério Público, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, o
parlamentar defendeu que o ministro tenha agora a oportunidade de apresentar
ampla defesa.
Em última nota divulgada
para a imprensa, Milton Ribeiro alegou não haver nenhum tipo de
favorecimento na distribuição de verbas da pasta. Segundo Ribeiro, a alocação
de recursos federais segue a legislação orçamentária. "Não há nenhuma
possibilidade de o ministro determinar alocação de recursos para favorecer ou
desfavorecer qualquer município ou estado”, disse no documento.
O POVO