As manchas de óleo que começaram a aparecer na semana passada na praia de Canoa
Quebrada, em Aracati avançaram por quase todo o litoral leste do
Ceará e já há relatos em cidades do litoral oeste. O balanço foi feito em uma
reunião comandada pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema), com a
Marinha do Brasil, Ibama, Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace),
universidades e órgãos que atuam na crise ambiental cearense.
Órgãos
oficiais ainda não sabem o que teria provocado as manchas atuais,
mas já investigam o que é o material e o que provocou a sua chegada à costa
cearense. O resultado de uma investigação técnica deve ser
concluído num prazo de até um mês.
Segundo a Marinha, não há indicação da presença de
manchas de óleo nas praias cearenses desde domingo (30).
Até o fim de semana, pelo menos 12 praias haviam sido atingidas pelos vestígios de
óleo. Contudo, o Ibama informou, durante a reunião, que o
monitoramento encontrou os materiais em todas as praias do litoral leste, desde
a Praia do Futuro, em Fortaleza, até a última de Aracati, chamada Praia da
Fontainha. A informação foi dada pelo analista ambiental do órgão Rafael
Moraes.
Segundo ele, o monitoramento foi realizado entre
quinta-feira (27) e sábado (29), quando foi observada a maior presença de vestígios
de óleo. "Por vezes, turistas e frequentadores nem notavam que tinham óleo
na praia", disse.
Conforme o analista ambiental, as maiores
quantidades de material oleoso foram observadas nas praias de Quixaba, em
Aracati; Parajuru, em Beberibe; além de Prainha e Porto das Dunas, em Aquiraz,
município vizinho a Fortaleza. A única cidade do litoral leste sem apresentar
confirmações de presença de óleo é a cidade de Icapuí, último município
cearense antes da fronteira com Rio Grande do Norte.
Avanço ao litoral oeste
Segundo o professor Rivelino Cavalcante, da Universidade Federal do
Ceará (UFC), o monitoramento dos pesquisadores apontou a presença de óleo em
todas as praias desde Sabiaguaba, em Fortaleza, até Canoa Quebrada, em Aracati.
Conforme ele, já há vestígios oleosos no litoral oeste.
"[O material] é
pequeno, é praticamente imperceptível, algumas pessoas nem conseguem notar que
esse material está na praia, e isso é até perigoso e negativo porque a
dispersão vai ser maior. Já [temos informes] de que chegou no lado oeste, já
está chegando em Pecém e no Paracuru", constatou.
A prefeitura de São
Gonçalo do Amarante, a oeste de Fortaleza, disse não ter localizado vestígios
na praia do Pecém. As prefeituras de Caucaia, Paraipaba, Trairi, Itapipoca,
Cruz, Acaraú, Amontada e Camocim, também no litoral oeste, afirmaram não ter
registrado presença dos materiais.
Manchas não são vistas desde domingo
O capitão dos Portos do
Ceará, Anderson Pessoa Valença, afirmou na reunião que não foram avistadas
novas manchas de óleo no litoral cearense desde domingo (30), após as
prefeituras fazerem as limpezas dos locais, com o apoio da Marinha e do Ibama.
"A gente notou, pelo
menos, que não tem chegado aparentemente novos vestígios de óleo. No ponto
focal onde apareceram mais, que foi na região de Aracati, desde o fim de
semana, a prefeitura está fazendo essa limpeza. Isso denota que não chegaram
mais vestígios de óleo nas praias da região", disse.
Conforme o capitão do
Portos, a mesma situação foi verificada nas praias do município de Cascavel e
na Praia do Futuro, em Fortaleza. Em nota na quarta-feira (26), a Marinha
informou que as "amostras do material foram coletadas e serão enviadas
para análise no Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (IEAPM), no
Rio de Janeiro".
O POVO