A
Polícia Federal (PF) está investigando o desaparecimento de 12 contêineres com
mercadorias em uma zona de alfândega no Porto do Mucuripe, em Fortaleza. Os
materiais eram alugados pela empresa Hand Line Transportes Internacionais, de
São Paulo, e funcionavam para guarda de produtos que chegavam à alfândega do
local.
A
zona alfandegada é um local destinado às atividades da Receita Federal, na qual
ocorre fiscalização aduaneira, com a checagem de documentos e dados da carga
importada. Um material só pode ser despachado e liberado em um porto após esse
procedimento.
O
caso foi descoberto na última quarta-feira (22). A informação obtida pelo g1 é
que as mercadorias dispostas nos contêineres eram fruto de contrabando e
estavam apreendidas no local. Os produtos seriam doados à Prefeitura de
Fortaleza, mas, quando eles seriam retirados, nem os contêineres foram
localizados.
De
acordo com a diretora da Hand Line, Juliana Borean de Medeiros, só os
contêineires (sem as mercadorias que eram de outra empresa) são avaliados em R$
18 mil cada um; a estimativa é que o prejuízo chegue a R$ 216 mil, ao todo. Os
equipamentos eram da empresa Realreefer e estavam sendo alugadas pela Hand Line
para serem usadas no Porto do Mucuripe.
'Colaborando
com entidades', diz Porto
Em
nota, a Companhia Docas do Ceará, que administra o terminal, não explicou o que
aconteceu e disse que "está colaborando com as entidades intervenientes
para que todos os fatos sejam esclarecidos". Por isto, a administração
disse que "outras informações podem interferir e/ou prejudicar o andamento
das investigações".
Um
ato declaratório da Receita Federal do Brasil, de julho de 2019, afirma que a
Companhia é "fiel depositária das mercadorias sob sua guarda [do Porto do
Mucuripe]".
Questionada
pelo g1 sobre as investigações e o que se sabia até o momento, a Polícia Federal,
três dias após o primeiro contato, disse que "não se manifesta sobre
investigações em curso".
A
diretora da Hand Line, Juliana Borean, que atua na área há 20 anos, demonstrou
completa surpresa com o acontecido. "Nunca vi isso acontecer em porto nenhum,
ainda mais com uma mercadoria que era da alfândega", aponta.
Para
Juliana Borean, o que interessa é descobrir o paradeiro dos contêineres, que
estavam em solo cearense sob força de contrato com a Realreefer, uma vez que as
mercadorias não pertenciam às duas empresas.
Segundo
a diretora, o cliente que utilizou os contêineres para guardar as mercadorias
teria declarado para a alfândega que o produto era de um tipo, mas, ao fazer a
inspeção, os agentes viram que era outro. Isso teria provocado a apreensão das
mercadorias pela Receita Federal.
A
reportagem questionou a Receita Federal sobre o que havia dentro dos
contêineres e qual o valor dos produtos que estavam dentro do carregamento, mas
o órgão não respondeu.
Há
pouco mais de dois anos, em julho de 2019, a Receita Federal declarou o
alfandegamento do Porto do Mucuripe. Foram investidos cerca de R$ 12,6 milhões
com sistema de monitoramento e segurança eletrônica (CFTV); aquisição de
tecnologia (OCR), que reconhece caracteres a partir de um arquivo de imagem ou
mapa de bits por meio de escaneamento; e scanner para contêineres.
Com
isso, a ideia seria ampliar a capacidade de atracação das embarcações. Na
ocasião, o então diretor-presidente da Companhia Docas, Mario Jorge Cavalcanti,
disse que "a medida traz mais segurança e competitividade, já que a
ampliação pode alavancar mais negócios para o estado do Ceará".
G1 CE