Uma extensa pesquisa sobre usuários de smartphones realizada por 11 antropólogos em diversos países do mundo durante 16 meses foi divulgada no início de maio A conclusão foi que esses telefones inteligentes se transformaram em uma tecnologia para pessoas de todas as idades, e são atualmente mais do que dispositivos, mas sim “o lugar onde vivemos”.
Publicado pela UCL Press da University College London da Inglaterra, o estudo foi chamado de “O Smartphone Global: além de uma tecnologia jovem”. Para seus autores, os smartphones nos transformaram em “caramujos humanos carregando nossas casas no bolso”, preferindo o aparelho a amigos e familiares.
Para explicar um conceito de algo que fica, literalmente, na frente dos nossos narizes, os 11 antropólogos viveram por um ano e quatro meses em comunidades da África, Ásia, Europa e América do Sul, focando principalmente a utilização dos smartphones por adultos mais velhos, “aqueles que não se consideram nem jovens nem idosos”.
Juntos,
porém isolados
Ao jornal The Guardian, o principal autor do estudo, professor Daniel Miller, afirmou que a conclusão de que nossos celulares são onde vivemos baseia-se no fato de que, “a qualquer momento, seja durante uma refeição, uma reunião ou outra atividade compartilhada, uma pessoa com quem estamos pode simplesmente desaparecer, tendo 'ido para casa' com seu smartphone”.
Esse fenômeno, chamado pelos antropólogos de “morte da proximidade” faz com que, ainda que estejamos fisicamente juntos, nos sintamos social, emocional e profissionalmente isolados. E os grandes responsáveis por essa situação são os aplicativos de conversa, como o LINE no Japão, WeChat na China e WhatsApp no Brasil.
Outra
conclusão é a de que, ao utilizar nossos smartphones como necessidades básicas,
estamos o tempo todo “em casa”, continuando no trabalho ou na escola mesmo
depois que saímos. Por isso, os pesquisadores cunharam o termo “casa
transportadora”, que compara nossos dispositivos a conchas de caracóis.
TecMundo