Durante
um show com 5 mil pessoas realizado no mês passado (27) em Barcelona, na
Espanha, pesquisadores não detectaram sinais importantes de infecção por coronavírus entre
os participantes, que usaram máscaras, mas foram dispensadas pelas autoridades
de fazer o distanciamento social, pois o evento fazia parte de um
projeto de pesquisa científica.
Um
dos responsáveis pelo estudo, o especialista em doenças infecciosas Josep Maria
Llibre, revelou durante uma entrevista coletiva realizada na terça-feira (27)
que apenas seis pessoas testaram positivo para covid-19, após 14 dias da realização
do concerto, resultado menor do que o observado na população em geral, e metade da taxa registrada em pessoas
da mesma idade em Barcelona, segundo os cientistas.
Para
participar do show, que contou com a presença da banda Love of Lesbian, todos
tiveram antes que testar negativo para a covid-19. Quatorze dias após o evento,
os participantes voltaram a fazer testes de covid-19 com os pesquisadores da
Fundação de Combate à Aids e Doenças Infecciosas e do Hospital Universitário
Germans Trias i Pujol.
Dos
seis com teste positivo, os cientistas concluíram que quatro foram contaminados
em outro lugar, e não no show.
Quais
foram as medidas para evitar a contaminação no show?
A
primeira medida adotada, já no dia do show, foi a realização de um teste de
antígeno, que é mais simples do que os exames PCR, em cada um dos
participantes. Como esse tipo de testagem não requer análises laboratoriais, os
resultados foram revelados em quinze minutos. Todos os artistas, trabalhadores
e convidados também se submeteram ao teste.
Apenas
os que testaram negativo foram autorizados a entrar no Palau Sant Jordi, uma
arena coberta construída originalmente para receber os Jogos Olímpicos de Verão
em 1992, e considerada hoje um dos espaços mais requisitados na capital da
Catalunha, não só para eventos esportivos, mas para realização de espetáculos
teatrais e musicais.
A
instalação com capacidade para até 24 mil pessoas foi dividida em três setores,
cada um com seu próprio acesso de entrada e saída, sendo que os participantes
não poderiam mudar de um setor para outro. Pontos de controle e verificação de
temperatura corporal também foram colocados em todas as entradas.
Finalmente,
os organizadores entregaram a cada participante uma máscara do tipo PFF2,
também conhecidas como N95, descartáveis e capazes de filtrar até 94% dos
aerossóis dispersos no ar. Esse equipamento é o mesmo utilizado em hospitais
por profissionais de saúde.
Uma
iniciativa de sucesso
O
evento-pesquisa realizado em Barcelona reuniu uma das maiores aglomerações na Europa desde o início da
pandemia, e ocorreu em um momento em que existem grandes controvérsias no mundo
sobre a realização de eventos públicos seguros. Otimistas, os organizadores
consideraram a experiência uma iniciativa de “sucesso”, e disseram que
"começam a ver uma luz no fim do túnel".
Com
mais de 20 anos de estrada, a banda catalã de pop/rock Love of Lesbian se
manifestou em seu Twitter, agradecendo aos organizadores e cientistas
envolvidos no evento. "Esperamos que a partir de agora, após esses
excelentes resultados, o mundo da cultura seja ouvido como merece",
afirmaram os músicos.
Após
testar e entrevistar participantes após o show em busca de sintomas, cruzando
depois os dados do público presente com registros do departamento de saúde, os
médicos se disseram mais tranquilos. “Acreditamos que [os dados] podem ser
úteis para a abertura de atividades culturais em todo o
mundo", disse Llibre.
TecMundo