Campeão
de vendas nas farmácias brasileiras, o medicamento ivermectina, um vermífugo
que está sendo utilizado para tratamento de pacientes com covid-19,
teve o seu uso desaconselhado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em um comunicado
oficial na quarta-feira (31).
Embora
seja um medicamento responsável por uma das maiores intervenções na saúde pública
de países africanos e da América Latina dos últimos 40 anos, a ivermectina não
mostrou, nos estudos clínicos conduzidos por especialistas da OMS, nenhum tipo
de resultado conclusivo contra a covid-19.
A
chefe da equipe de resposta clínica à Covid-19 da agência de saúde da ONU,
Janet Díaz, foi taxativa nas conclusões da avaliação clínica do remédio: “Nossa
recomendação é não usar ivermectina para pacientes com Covid-19,
independentemente do nível de gravidade ou duração dos sintomas”. A única
exceção, ponderou a médica, é o uso da substância em ensaios clínicos.
No
mês passado (23), a Associação Médica Brasileira (AMB) reviu seu posicionamento
sobre o uso dos medicamentos do chamado “kit covid”, entre eles a
ivermectina e a cloroquina, cujo uso é apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro.
Após defender, desde o início da pandemia, a autonomia do médico para prescrevê-los, a associação
de classe recomendou que esses medicamentos sejam “banidos”.
No
mesmo dia (23), médicos dos hospitais da Universidade de São Paulo (USP) e da
Universidade de Campinas (Unicamp) vieram a público denunciar que o uso indiscriminado
dos medicamentos do “kit Covid” causaram graves lesões no fígado de quatro pacientes, que se
encontram na fila de transplantes.
Para
desaconselhar o uso da ivermectina, os especialistas da OMS promoveram 16
ensaios clínicos randomizados com 2,4 mil participantes. Essa primeira
recomendação da agência mundial contra o medicamento junta-se à da Agência
Europeia de Medicamentos e da agência reguladora americana FDA, que elenca em
seu site uma série de motivos para não usar a ivermectina no tratamento da
covid-19.
TecMundo