Em
um movimento para expandir ainda mais sua operação na América Latina após o
crescimento expressivo registrado em 2020, o Mercado Livre anunciou nesta
terça-feira, 6 de abril, a abertura de 16 mil vagas para dobrar de tamanho na
região. Hoje, a empresa tem 15,5 mil funcionários.
O
Brasil será o principal foco dessa expansão. Por aqui, serão 7.200 novas
posições. Atualmente, a equipe da empresa tem 5 mil funcionários no País.
Muitas das novas vagas serão focadas em logística. Das 16 mil, 11 mil estão na
área.
“Crescemos
muito em logística no ano passado. Então é natural que esse seja o grande
objetivo no momento”, afirma Patrícia Monteiro, diretora de pessoas para o
Mercado Livre no Brasil, ao NeoFeed.
Outras
4 mil estão no setor de tecnologia, incluindo a área de desenvolvimento de
soluções financeiras para o Mercado Pago, a fintech da empresa. As outras mil
posições serão distribuídas em outras funções administrativas.
No
México, a operação vai quase que quintuplicar de tamanho. Atualmente, são 1.022
funcionários, mas a empresa vai abrir 4.700 posições. Serão abertas ainda vagas
na Argentina, Chile, Colômbia e Uruguai.
“Temos
a oportunidade de aproveitar esse crescimento rápido para trazer ainda mais
diversidade”, afirma Patrícia. A executiva diz que a intenção é buscar mais
mulheres, especialmente para as áreas de tecnologia, incentivar a contratação
de pessoas com deficiência e buscar colaboradores LGBTQ+ e focar na diversidade
étnico-racial.
O
plano de dobrar de tamanho vem na esteira de outro anúncio feito no início de
março com foco em investimentos. Em 2021, o Mercado Livre vai investir R$ 10
bilhões no Brasil.
O
montante é equivalente aos recursos alocados no País nos últimos quatro anos.
Em 2017, a companhia anunciou o investimento de R$ 1 bilhão e foi acrescentando
R$ 1 bilhão a mais em investimentos a cada ano até atingir R$ 4 bilhões em
2020.
Com
esses recursos, a empresa vem fortalecendo o Mercado Envios, seu braço de
logística. Em novembro de 2020, o Mercado Livre anunciou a abertura de cinco
novos centros de distribuição em São Paulo, Minas Gerais e Santa Catarina.
A
estrutura conta com 10 mil vans de entrega, 600 carretas e 4 aviões.
Atualmente, 80% da distribuição do fulfillment do Mercado Envios até os
vendedores acontece em até dois dias, sendo que 70% do volume acontece em um
dia. A empresa espera alcançar a taxa de 100% de pedidos atendidos em até dois
dias.
Para
o vendedor, ter a estrutura de logística dentro da plataforma torna o
marketplace muito mais atrativo do que uma operação individual. Com o apoio de
serviços financeiros, o pacote fica ainda mais interessante. Na outra ponta, a
agilidade na entrega é também um fator decisivo para o consumidor. “Depois do
preço, o prazo é um ponto fundamental na decisão”, diz Alexandre Machado,
diretor da Gouvêa Consulting.
Com
a pandemia e o crescimento do e-commerce, a logística tornou-se foco principal
dos grandes players do setor. E alguns dos principais concorrentes do Mercado
Livre têm feito movimentações semelhantes ao da empresa argentina.
Em
novembro do ano passado, a Amazon anunciou a inauguração de três novos centros
logísticos no Brasil. Agora, são oito centros de distribuição espalhados pelo
país.
O
Magazine Luiza também inaugurou um novo centro de distribuição nos últimos
meses. E a operação conta ainda com o reforço das lojas físicas. A empresa vem
comprando outras empresas para agilizar ainda mais as entregas. Hoje, cerca de
metade delas são feitas em um dia.
A
estratégia da B2W conta com uma plataforma de logística que inclui 17 operações
no formato de fulfillment, além de alternativas como clique e retire em
unidades das Lojas Americanas.
“A
agenda do Mercado Livre parece mais intensa e acelerada que a de seus
concorrentes porque ele não tem em seu ecossistema uma rede de lojas”, afirma
Eduardo Terra, presidente da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC).
“É um negócio diferente do marketplace, totalmente focado em tecnologia.
E
o braço de logística é fundamental para dar sustentação aos outros braços da
empresa. “A avenida da logística não é tão rentável quanto a financeira, mas
sem ela o negócio todo corre o risco de desabar”, diz Terra.
Resultados
de 2020
Em
2020, o número de usuários ativos no Mercado Livre quase dobrou em relação ao
ano anterior, saltando de 74,2 milhões para 132,5 milhões. A receita líquida
foi US$ 3,97 bilhões, contra US$ 2,29 bilhões em 2019. O prejuízo somou US$ 707
mil.
Com
a divulgação do balanço, no entanto, os investidores ficaram preocupados com o
prejuízo de US$ 50,6 milhões registrado no quarto trimestre de 2020. A
companhia vale US$ 78,2 bilhões e suas ações caem 1,9% neste ano com ações
cotadas a US$ 1.569,31 na segunda-feira, 5 de abril.
Mesmo
assim, no fim de março, o consenso dos analistas que acompanham a valorização
dos papéis do Mercado Livre na Nasdaq era de que o momento é propício para
comprar.
Jovem Pan