A
presidente da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Nísia Trindade, afirmou na manhã
desta quarta-feira (30) que a entrega final de documentos para registro da
vacina de Oxford no Brasil deve ser feita até 15 de janeiro.
"O
nosso registro já está sendo submetido com a perspectiva de entrega final de
documentos até a data de meados de janeiro, de 15 de janeiro", disse a
presidente.
A
previsão é que o primeiro lote com 1 milhão de doses seja entregue entre 8 e 12
de fevereiro.
A vacina de Oxford, desenvolvida em parceria com a farmacêutica
AstraZeneca, tem eficácia que variou entre 62% e 90% a depender
da dosagem aplicada, segundo estudo publicado no início da dezembro na revista
científica "Lancet".
Dentre
as principais vantagens desta vacina na comparação com outros imunizantes está
o fato de ela ser mais barata e mais fácil de armazenar, o que também
facilita a sua distribuição. Diferente da vacina Pfizer/BioNTech, por exemplo,
ela não precisa ficar guardada a -70°C e pode ser mantida em temperaturas
normais de refrigeração, de 2ºC a 8ºC.
Previsão
para campanha de vacinação
Ainda
não há data definida para início da campanha de vacinação no Brasil, mas a
expectativa do ministério é
começar entre 20 de janeiro e 10 de fevereiro, se os fabricantes das
vacinas obtiverem aval da Anvisa a tempo.
A
afirmação foi feita durante cerimônia de entrega de R$ 20 milhões da Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) à Fiocruz para combate à
Covid-19.
Nísia
afirmou que o dia é histórico pela
aprovação do uso da vacina contra a Covid-19 desenvolvida por Oxford e
AstraZeneca no Reino Unido.
A
vacina de Oxford é uma das quatro testadas no Brasil – que tem um contrato de
compra e de transferência de tecnologia do imunizante. A vacina será produzida
em solo brasileiro pela Fiocruz, mas ainda precisa de aprovação da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"É
um dia histórico, pois é mais um elemento de esperança diante de uma situação
de grande sofrimento. Uma esperança que vem da ciência e vem de uma visão de
saúde pública. Porque a vacina não é só eficaz, mas adequada para países de
população do tamanho do nosso, com as suas diferenças regionais e sociais. É
uma vacina adequada para o nosso Sistema Único de Saúde (SUS)", disse a
presidente da Fiocruz.
Uso
emergencial
A presidente não informou se, com a aprovação
do uso em território britânico, pretende pedir à Anvisa a utilização de uso
emergencial da vacina.
"Nós
estamos analisando todas estas situações, mas isso ainda não está definido
porque depende de ter as doses de vacina para fazer sentido. Estamos muito
avançados no processo de registro. Já entregamos muitos dados da pesquisa
clínica, da fábrica que já foi aprovada com boas práticas, de parte das linhas
que vão ser desenvolvidas aqui" afirmou Trindade.
No
começo da tarde desta quarta, a Anvisa afirmou que, caso exista um pedido de
uso emergencial para a vacina, ele será feito pela Fiocruz, que é a instituição
parceira da AstraZeneca no país. O pedido, no caso, seria analisado em dez
dias.
Plano
nacional
A
presidente da Fiocruz explicou de que maneira a vacina será utilizada.
"O
plano nacional de vacinação do Ministério da Saúde prevê usar o imunizante nas
três primeiras fases, que atenderão 49,6 milhões de pessoas de grupos
prioritários, como trabalhadores de saúde, idosos e indígenas".
Método
Nísia
também citou o método utilizado pelos cientistas britânicos para a aprovação da
vacina.
"O
Reino Unido fez o registro considerando um intervalo de 12 semanas, ou seja, de
três meses. E isso também é muito importante, porque é uma decisão de saúde
pública. Nós poderemos vacinar mais pessoas, como fará o Reino Unido – mas essa
decisão cabe ao Programa Nacional de Imunizações".
Adequação
ao SUS
A
presidente também mencionou as similaridades entre os sistemas públicos de
saúde do Brasil e do Reino Unido.
“É
uma vacina que também começa em um sistema público, tradicional, o sistema
inglês. E aqui no Brasil é muito adequada para o SUS pela sua conservação, pelo
seu custo e por ter sustentabilidade.”
Repasse
A
Alerj oficializou na manhã desta quarta a doação de R$ 10 milhões para a
Fiocruz em uma cerimônia na sede da instituição, em Manguinhos, na Zona Norte
do Rio.
O
objetivo do repasse é apoiar a instituição nas ações de enfrentamento do
coronavírus, principalmente nas comunidades do estado do Rio de Janeiro.
G1