O
Ministério Público do Estado do Ceará cumpre, na manhã desta sexta-feira (16),
16 mandados de prisão e 16 mandados de busca e apreensão contra integrantes de
uma organização criminosa formada, na maioria, por agentes e ex-agentes da
segurança pública do estado do Ceará. A segunda fase da Operação Gênesis
acontece em Fortaleza e em Caucaia.
Entre
os alvos estão três policiais militares e três policiais civis da ativa, nove
suspeitos de tráfico de drogas e um ex-policial militar. A organização
criminosa é suspeita de diversos crimes como extorsão, tráfico de drogas,
comércio ilegal de arma de fogo, organização criminosa, entre outros. Os
documentos foram expedidos pela Vara de Delitos de Organizações Criminosas.
Investigação
A
investigação teve início no final do ano de 2016, com o objetivo de desvendar
as ações delituosas de grupos ligados a organizações criminosas, responsáveis
pelo tráfico de drogas e armas, assaltos e homicídios na capital cearense e
região metropolitana.
Na primeira fase
da Operação Gênesis, os agentes públicos de segurança que integravam a organização
criminosa investigada agiam no exercício de suas funções e se utilizavam do
aparato estatal para cometer ilícitos. Durante a investigação, no
primeiro semestre de 2017, entre os meses de abril e agosto, foi possível
identificar outras condutas delituosas envolvendo agentes da segurança pública
com traficantes, que se estruturaram de forma organizada para realizar vários
crimes e foram objeto dessa segunda fase da operação.
A
organização criminosa desarticulada nesta segunda fase da operação agia de forma
idêntica ao grupo denunciado na primeira fase, formado principalmente por
policiais e seus informantes que extorquiam e espoliavam as vítimas,
selecionadas entre criminosos.
Informantes
e abordagens a traficantes
De
acordo com o promotor de Justiça Adriano Saraiva, do Grupo de Combate ao Crime
Organizado (Gaeco), os agentes primeiramente se reuniam com os informantes que
escolhiam na maioria das vezes um traficante com alto poder aquisitivo. “O
esquema na verdade funcionava da seguinte forma. Os policiais militares e
policiais civis se reuniam com os informantes. E esses informantes escolhiam um
alvo. Geralmente era traficante de poder aquisitivo. E esse informante escolhia
esse traficante e era feita uma simulação de uma compra de droga”, explica.
Ainda
segundo Adriano, após combinar o preço da droga, os agentes abordavam o
traficante. “Neste momento, o traficante era abordado e era feita a extorsão.
Era feita a promessa de que ele não seria preso que não seria instaurado nenhum
procedimento, mas desde que ele oferecesse a vantagem devida”, disse.
A
célula policial agia com o apoio dos demais criminosos, objetivando, na maioria
das vezes, a extorsão e a revenda de materiais apreendidos, inclusive drogas e
armas, numa espécie de "consórcio do crime". O valor movimentado é
estimado em mais de R$ 2 milhões em apenas sete meses.
"Oferecida
essa vantagem devida, os policiais além de receber esse dinheiro, eles também
apreendiam a drogas os materiais ilícitos, armas e revendiam esse material.
Ficou constatado uma movimentação em menos de sete meses de mais de R$ 2
milhões com relação a essa revenda desses materiais ilícitos apreendidos com
esses traficantes”, acrescentou o promotor de Justiça.
A
operação conta com o apoio da Coordenadoria de Inteligência da Secretaria da
Segurança Pública e Defesa Social; do Departamento Técnico Operacional (DTO) da
Polícia Civil; da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança
Pública e Sistema Penitenciário (CGD); da Secretaria de Administração
Penitenciária (SAP) e do Comando da Polícia Militar.
G1 -CE