O
PT entra nas eleições municipais com um desafio logístico-sanitário: como
garantir a presença de Lula nas ruas sem a exposição aos riscos que a pandemia
do novo coronavírus oferece para alguém de 74 anos e que já superou um câncer?
A
solução para alguns dirigentes do partido é improvisar uma espécie de
“papamóvel”, o carrinho com proteção de vidro que o pontífice utiliza para
circular em meio aos fiéis. A viabilidade da ideia está sendo discutida por
petistas que atuam no núcleo eleitoral da sigla e será apresentada a Lula na
segunda 5, na reunião semanal que ele faz para se inteirar do pleito deste
ano.
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na campanha a imagem do ex-presidente representa outro desafio. Trata-se de um
caso singular de bipolaridade política: Lula tem um peso enorme, mas há sérias
dúvidas por parte dos correligionários a respeito da relação entre o custo e o
benefício de empunhar nas eleições a bandeira de um político ficha-suja, justo
no momento em que o partido precisa de renovação e alternativas para voltar a
ser protagonista.
Neste
ano, o PT disputará a prefeitura de vinte capitais, deverá lançar mais de
20 000 candidatos a vereador por todo o Brasil e até desenvolveu uma estratégia
digital em que fornece temas diários para os militantes compartilharem em
grupos de WhatsApp com familiares e amigos. Nada disso, no entanto, consegue
transcender o fardo que a imagem de Lula representa para o PT, tanto para o bem
quanto para mal.
A
vida dos petistas não será nada fácil no pleito deste ano. O partido acredita
que tem a condição de chegar ao segundo turno em apenas seis das vinte capitais
que disputa: Rio Branco, Manaus, Goiânia, Fortaleza, Teresina e Recife. Nessas
cidades, no entanto, as pesquisas mostram que a sigla só lidera o primeiro
turno na capital pernambucana.
A VOZ DE SANTA QUITÉRIA