Este
é o terceiro mês consecutivo com saldo positivo no Ceará, que já recuperou mais
da metade dos empregos perdidos durante a pandemia (54 mil). Para o secretário
do Desenvolvimento Econômico e Trabalho do Estado, Maia Júnior, o número
fortalece expectativa de que o Ceará ainda encerre o ano com saldo positivo no
mercado de trabalho. "Eu fico muito feliz, porque esse resultado é sinal
de que o trabalho que a gente está fazendo está dando certo. Ainda não é algo
para se comemorar, pois tem muito trabalho pela frente, mas demonstra que foi
assertiva a decisão de dar os mesmos pesos de atenção e cuidados para a saúde e
economia", afirma.
Ele
lembra que, ainda em setembro, após a divulgação dos saldos de agosto, o Caged
já apontava a possibilidade de recuperação total dos postos perdidos entre
março e junho caso o ritmo de geração de vagas se mantivesse estável. Contudo,
no acumulado do ano, o Estado ainda registra um saldo negativo de 14,3 mil
vagas. "As empresas estão conseguindo se recuperar ainda dentro da
pandemia. Isso é muito bom", acrescenta Maia.
Indústria
Todos
os segmentos econômicos monitorados pelo Caged apresentaram números maiores de
contratação que os de demissões no mês passado. A indústria, no entanto, se
sobressaiu e puxou o resultado geral do Ceará com um saldo de 5,3 mil novos
empregos. A indústria da transformação foi responsável por quase a totalidade
desses novos postos, com a geração de 5,2 mil empregos formais.
Outro
segmento relacionado e importante para a economia local é a construção civil,
que já vinha se destacando nos meses anteriores. No mês passado, o setor abriu
1,3 mil oportunidades, segundo o Caged. O vice-presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e empresário do ramo da construção, André
Montenegro, comemora os dados que, segundo ele, estão consolidando as
tendências de recuperação inicialmente observadas em julho.
"A
gente já tinha notado esse movimento. As medidas que o Governo Federal tomou,
como a suspensão de contratos provisória, fez com que a gente não demitisse a
mão de obra especializada. Essa é uma das razões da retomada rápida que estamos
tendo, além da grande demanda reprimida. Tanto que a indústria está trabalhando
lotada e já está faltando muita coisa até", ressalta André.
Ele
lembra que a redução dos juros a um nível histórico também é um fator que está
aquecendo a economia e impulsionando a retomada, em especial no setor
imobiliário. "Para o futuro, nós esperamos que essa tendência continue.
Claro que a demanda vai se regularizar, mas até o início do próximo ano a
indústria irá trabalhar a todo o vapor para atender à demanda", acrescenta
André.
Comércio
Já
o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza
(Sindilojas), Cid Alves, afirma que o setor esperava um saldo de vagas maior
que os 2,7 mil empregos gerados pelo comércio. A expectativa estava baseada no
início do período de maior aquecimento do setor no Estado, período que consiste
nos quatro últimos meses do ano.
"Eu
imaginava que fosse haver crescimento até maior, da ordem de umas 4 mil vagas.
Setembro é o mês que inicia esse período de fim de ano. O apoio do Governo
Federal com o auxilio emergencial é fundamental para o varejo e,
consequentemente, para o atacado. A cadeia toda do comércio de bens está
desenvolvendo as atividades em uma intensidade como a gente não vê há muitos
anos. É uma retomada pujante. Por isso, eu esperava que fosse mais, mas são
números ótimos", diz.
Fim
dos auxílios
Questionado
se após o período de estabilidade dos trabalhadores que tiveram o contrato
suspenso ou a jornada e salário reduzidos haverá um surto de demissões, Maia
Júnior revela temer como o mercado se comportará no próximo ano, após o fim da
vigência das medidas emergenciais criadas para amenizar os efeitos da pandemia.
"Mas
o que mais vai impactar é essa falta de consenso entre Congresso e Poder
Executivo em relação às reformas que precisam ser feitas. Estamos em um momento
de muita insegurança ainda. Vamos encerrar o ano com um gravíssimo problema
fiscal, uma dívida de quase 100% do PIB. O Governo precisa construir um senso
de união para que esse ciclo virtuoso que está se formando na economia se
mantenha. Mas não vai haver estabilidade sem essas medidas", dispara o
secretário.
Diário do Nordeste