Regiões
mais intensamente afetadas no início pandemia, como Fortaleza, apresentam recuo
da disseminação, mesmo com a reabertura. Apesar de longe de uma imunidade
coletiva, é certo que a quantidade de pessoas já imunizadas é muito maior que
os números oficiais. Soma-se a esse fator, as medidas de proteção como uso de
máscara e proibição de aglomerações. Pesquisas recentes sugerem que o
porcentual de indivíduos infectados para atingir a imunidade coletiva seria
menor do os 60% a 70% estimados. Contudo, nada é garantia de tranquilidade,
visto que o não se sabe por quanto tempo dura a imunidade do organismo humano
ao novo coronavírus.
A
imunidade coletiva é a taxa de pessoas imunizadas em determinada população que
pode conter a disseminação de uma doença. Uma imunidade rebanho considerando
pessoas que já foram infectadas, e não a imunização por meio de vacina,
acarreta um "custo" alto em termos de mortes em decorrência da
patologia.
Escolas,
bares, academias e cinemas estão fora da 4ª Fase
Escolas,
bares, academias e atividades de entretenimento presenciais como shows,
espetáculos e cinema estão fora da 4ª Fase do Plano de Retomada da Atividade
Econômica em Fortaleza, adiantou nesta quarta-feira, 15, Camilo Santana (PT).
Segundo
o governador, há preocupação por parte do Comitê Estadual de Enfrentamento à
Pandemia em relação às aglomerações, principalmente no retorno presencial das
escolas. Ainda haverá avaliação se Fortaleza realmente entrará na quarta fase
do Plano. Ele afirmou que o Comitê irá se reunir com os setores deixados de
fora da 4ª Fase para avaliar protocolos sanitários e fases de retomada.
"(Vamos
avaliar a possibilidade) de forma híbrida de retorno às aulas, sendo remota e
presencial, e apresentar as expectativas para um calendário futuro", disse
em entrevista a um telejornal.
O
Comitê tem reunião marcada no final da semana. De acordo com Camilo, tanto os
números de contágio, quanto os de atendimento (como taxa de ocupação de UTIs)
têm caído.
O
Ceará chega aos 141.832 casos confirmados e 7.081 mortos por Covid-19, conforme
atualização da plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa),
às 17h20min de ontem. Fortaleza segue com o maior número de casos no Estado,
concentrando 38.754 confirmações da doença e 3.553 óbitos.
Sistema
imunológico: por que a imunidade não é garantida
Qual
é a resposta imunológica do organismo ao novo coronavírus? É uma proteção
completa ou parcial, definitiva ou temporária? Ainda não sabemos o grau de
proteção para a enfermidade. Algumas doenças podem acometer os indivíduos
várias vezes ao longo da via. Conforme Luciana Costa, virologista do Instituto
de Microbiologia e do Laboratório de Genética e Imunologia das Infecções Virais
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), outros coronavírus endêmicos
já conhecidos apresentam imunidade transitória.
"O
que faz com que uma pessoa tenha vários episódios de infecção ao longo da
vida", afirma. Pesquisa feita pela King's College, em Londres, na
Inglaterra, apontou que o novo coronavírus pode ser detectado novamente, assim
como uma gripe.
"Não
estamos utilizando os melhores testes (de sorologia). Algumas marcas não
funcionam bem. Estudos estão sendo feitos com diversos tipos de teste. Precisa
ser feito com testes sensíveis o suficiente e em número maior. E a gente não
sabe qual é valor de imunidade que vai fazer com que naturalmente o vírus pare
de circular", explica.
Outra
questão é que nem todos que entram em contato desenvolvem anticorpos. Keny
Colares, infectologista do Hospital São José, e integrante do Comitê Estadual
de Enfrentamento à Covid-19, detalha que os anticorpos são apenas uma parte do
sistema imunológico. "Tem sido observado que muitas pessoas têm a infecção
e não desenvolvem os anticorpos ou desenvolvem e desaparecem", diz.
A
resposta do sistema imunológico pode ser humoral, realizada pelos linfócitos B,
que detectam o patógeno e produzem o anticorpo, que fica livre na circulação. A
resposta também pode ser celular, pelos linfócitos T, que reconhecem uma célula
infectada e libera substâncias para eliminá-la, além de também participar da
ativação do linfócito B. Medir a exposição de uma população a um patógeno é
mais fácil pela análise dos anticorpos, visto que identificar resposta celular
demanda metodologia mais complexa e cara, difícil de ser aplicada em larga
escala.
O POVO