Duas
semanas após o final do lockdown em Fortaleza, a tendência de queda nos números
de casos e óbitos continua. Nesse período, a Capital passou por uma semana em
fase de transição (chamada de fase 0), do dia 1º ao 7 de junho, seguida de uma
semana na fase 1 da retomada gradual da economia, iniciada no último dia 8.
Contudo, ainda não é possível afirmar se houve mudança no cenário
epidemiológico da Covid-19 em razão do processo. Ao final desta semana, a
segunda da primeira fase de reabertura, isso poderá ser analisado de forma
consistente.
"Apesar
da tendência continuar sendo de queda. Não podemos tirar nenhuma conclusão como
'a flexibilização está sendo bem sucedida'", analisa Roberto da Justa,
infectologista do Hospital São José e professor da Faculdade de Medicina da
Universidade Federal do Ceará (UFC).
"Realmente,
durante o período de transição teve ainda pouca atividade econômica. Temos 7
dias de flexibilização real. Analisando dados da semana epidemiológicas, a
gente não percebe nenhuma mudança na tendência de redução que já se observava
principalmente em Fortaleza", detalha.
Conforme
o médico, integrante do Coletivo Rebento - Médicos em Defesa da Ética, da
Ciência e do SUS, nesta semana e na próxima "serão as principais para
analisar se houve aumento ou não". Isso se deve ao período de incubação da
Covid-19, que é de 14 dias. O infectologista afirma que são preocupantes as
cenas de aglomeração observadas na Capital nos últimas dias.
"Existe
uma possibilidade grande de termos uma nova onda crescente de casos com a
flexibilização. Isso já foi observado em outros países", diz. Conforme
Justa, uma possível nova onda pode ser "mais ou menos intensa a partir de
um monitoramento bem preciso". Se isso for observado, é preciso fazer
recuo da flexibilização. "O tipo de decisão que não pode demorar muito",
destaca. "Estamos em fase de achatamento da curva que pode retroceder se a
flexibilização não for bem sucedida. As pessoas precisam entender isso",
acrescenta.
O
Ceará continua apresentando disseminação preocupante da doença, em estágios
diferentes nas regiões. Enquanto em Fortaleza "há tendência inequívoca de
declínio", segundo último boletim epidemiológico da Secretaria Municipal
da Saúde (SMS), publicado na sexta-feira, 12, o Interior está em curva
ascendente de indicadores da infecção causa pelo novo coronavírus.
Ontem,
15, o Estado passou das 5 mil mortes. Foram registrados 79.853 casos
confirmados e 5.041 mortes em decorrência da doença, conforme atualização feita
às 18h22min pela plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).
Houve acréscimo de 3.020 casos e 156 óbitos em relação ao dia anterior.
Fortaleza é o município com o maior número de confirmações da patologia, com
30.948 (39%) casos confirmados e 2.940 (58%) mortes.
Conforme
a SMS, o pico de casos da doença em Fortaleza aconteceu entre 19 de junho e 9
de maio. Conforme Antônio Silva Lima Neto, gerente da Célula de Vigilância
Epidemiológica da SMS, a pasta não observa mudanças nos indicadores causada
pela fase de transição. "Sobre a fase 1, que começou no dia 8 de junho, o
boletim não tem tempo de ter capturado qualquer mudança epidemiológica
importante porque não daria tempo pela questão da infecção", explica.
"Muitas
pessoas continuam ignorando os seguidos alertas de que a situação não é de
normalidade. A pandemia continua. Já conversei com nossas equipes e RC com as
da prefeitura para intensificar a fiscalização. Mas se não houver a colaboração
de todos, tudo ficará muito mais difícil", alertou o governador Camilo
Santana nas redes sociais neste domingo, 14. (Colaborou Gabriela Custódio)
País
O
Brasil soma 44.118 mortes e 891.556 infecções de coronavírus, segundo
atualização na noite de ontem do levantamento realizado pelo Estadão, G1, O
Globo, Extra, Folha e UOL junto às secretarias estaduais
de Saúde.
de Saúde.
O POVO