A
saída de Élcio Batista (PSB) do Governo do Estado era precificada. A de Nelson
Martins (PT), não.
É
um petista "camilista", do PT cujo apoio Ciro Gomes (PDT) já disse
que faz questão de ter, sinalizando para uma dobradinha entre os dois partidos
em Fortaleza.
O
próprio Nelson admitiu à coluna que a intenção é, de fato, negociar essa
difícil composição para enfrentar o candidato do bolsonarismo na capital
cearense.
Resta
combinar com os russos. No caso, com a "russa", a deputada federal e
ex-prefeita Luizianne Lins (PT), potencial nome do partido na corrida pelo
Paço.
Considerando
isso, a aliança PDT/PT é viável?
Depende
de 2020, mas também de 2022.
Se
quiser concorrer à sucessão de Camilo daqui a dois anos, o prefeito Roberto
Cláudio (PDT) não pode emplacar nome tão ligado a ele em Fortaleza como Samuel
Dias é. Nesse caso, tem de ceder.
E
cederia obviamente para alguém fora do grupo mais restrito, mas a quem?
Aí
entra Nelson Martins, o petista "camilista". É um nome da confiança
do governador e com trânsito no governismo municipal.
Mas
não é da cozinha dos irmãos Ferreira Gomes.
E
ainda esbarra, como se sabe, num problema quase insanável: o PT local quer ter
candidato de oposição ao prefeito.
Leia-se:
LL ou Guilherme Sampaio, vereador e presidente da sigla.
A
tarefa do governador é costurar uma composição à revelia disso. Missão quase
impossível.
Há,
todavia, muita gente apostando nisso. De uma vitória em Fortaleza dependem
muitos projetos políticos: o de RC, o de Camilo e o de Ciro para 2022.
Sendo
assim, é possível que o prefeito, para não correr esse risco emplacando um nome
de seu agrado, abra mão da cabeça da chapa para formar uma grande aliança com
PT e eventualmente o MDB?
É
possível. Provável? Não sei.
Depende
do grau de interesse de RC em 2022. Se desejar muito concorrer à sucessão, tem
de fazer sacrifícios agora. Nessa hipótese, as chances de Samuel Dias caem.
E
aumentam as de nomes como Nelson Martins e José Sarto (PDT).
Sobre
o presidente da Assembleia Legislativa do Ceará, trato em análise nesta
sexta-feira, 5. Por ora, digo apenas que o deputado nunca esteve tão forte
nessa disputa.
O POVO