O
policial militar reformado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio
Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso em Atibaia, no interior de São Paulo, na
manhã desta quinta-feira (18). O mandado de prisão é do Rio de Janeiro.
A CNN confirmou
a informação com o delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Ruy Ferraz
Fontes. Veja
as imagens do momento da prisão de Queiroz. Segundo o colunista da CNN Igor
Gadelha, Queiroz estava em um imóvel de Frederick Wassef, advogado do senador.
O
ex-policial estava dormindo e se mostrou surpreso com a chegada da polícia no
imóvel em Atibaia – há informações de que ele morava no local há mais de um
ano. A polícia também apreendeu dois celulares e documentos na casa.
Queiroz
foi levado para o Instituto Médico Legal (IML) na capital paulista para fazer
exames antes de se dirigir à sede da Polícia Civil em São Paulo, de onde será
encaminhado para o Rio de Janeiro
A
prisão faz parte de uma ação conjunta entre o Ministério Público do Rio de
Janeiro e o Ministério Público de São Paulo, por meio do Grupo de Atuação
Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) dos dois estados.
Fabrício
Queiroz, de 55 anos, foi assessor e motorista de Flávio Bolsonaro até outubro
de 2018, um mês antes do início da operação que apura esquema de corrupção,
lavagem de dinheiro e loteamento de cargos públicos na Assembleia Legislativa
do Rio de Janeiro (Alerj), na qual é investigado.
No
inquérito, o ex-subtenente da Polícia Militar é suspeito de cobrar a
"rachadinha" – termo usado para apontar a prática de descontar
salários de servidores – quando trabalhava no gabinete de Fávio Bolsonaro.
Na
época, o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) detectou
movimentação superior a R$ 1,2 milhão nas contas de Queiroz, amigo da família
Bolsonaro. A filha dele trabalhava no gabinete do presidente quando este era
deputado federal.
A
Operação Anjo, realizada nesta quinta-feira, é um desdobramento da investigação
sobre corrupção na Alerj.
Os
agentes cumprem outras medidas cautelares, autorizadas pela Justiça, como busca
e apreensão, afastamento da função pública, comparecimento mensal em Juízo e proibição
de contato com testemunhas.
Outros
alvos das ações de hoje são o servidor da Alerj Matheus Azeredo Coutinho, os
ex-funcionários da casa legislativa Luiza Paes Souza e Alessandra Esteve Marins
– atualmente, assessora parlamentar de Flávio Bolsonaro em Brasília – e o
advogado Luis Gustavo Botto Maia.
O
imóvel em que a polícia cumpriu o mandado de busca contra Alessandra fica no
bairro de Bento Ribeiro, na zona norte do Rio de Janeiro. A casa consta na
declaração de bens entregue pelo presidente Bolsonaro à Justiça Eleitoral antes
da votação presidencial de 2018.
Alessandra,
no entanto, não moraria mais no local, já que teria se mudado para uma casa na
Barra da Tijuca, na zona sul do Rio.
Detalhes
da prisão de Queiroz
Em
entrevista à CNN, o delegado Nico Gonçalves, diretor do
Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope) da Polícia Civil de SP,
afirmou que Queiroz não apresentou resistência no momento da prisão.
“Não
estou armado, fiquem tranquilo, não vai ter resistência. Vou me entregar, vocês
estão com mandado? Então vamos cumprir a lei”, disse Queiroz no momento da
prisão, segundo o delegado.
O
ex-militar permaneceu calado durante todo o trajeto de Atibaia até São Paulo e
afirmou que não precisava da operação para prendê-lo, já que compareceria à
Justiça se fosse convocado.
O
delegado afirmou ainda que o imóvel em que Queiroz foi preso era grande, mas o
ex-assessor de Flávio Bolsonaro estava em um pequeno quarto. O delegado afirmou
que um casal de caseiros estava em uma edícula no local.
Gonçalves
ressaltou que a polícia de São Paulo apenas cumpriu o mandado de prisão vindo
do Rio de Janeiro e que todos os pertences e documentos serão encaminhados para
o MP do Rio.
Queiroz
foi alvo de um mandado de prisão preventiva. Ele será transferido para o Rio de
Janeiro em um helicóptero da polícia que decolará do Aeroporto do Campo de
Marte, na zona norte de São Paulo.
Laços
com a família Bolsonaro
Fabrício
José Carlos de Queiroz, de 55 anos, é ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro.
Policial Militar aposentado, também foi motorista do senador, filho do
presidente Bolsonaro.
Queiroz
foi subtenente da PM lotado no Batalhão Policial de Vias Especiais (BPVE). Como
policial militar, se envolveu em 10 “autos de resistência”, isso é, morte de
suspeitos.
Fabrício
Queiroz e Jair Bolsonaro se tornam amigos nos anos 1980. Sua presença já foi
registrada em jogos de futebol, saídas para pesca, atos de campanha e
churrascos da família Bolsonaro.
A
amizade já foi citada publicamente pelo próprio presidente durante uma
entrevista. Na ocasião, ele disse que era amigo de Queiroz há muitos anos e que
já o auxiliou com empréstimos algumas vezes. Segundo Bolsonaro, Queiroz devia
R$ 40 mil.
Durante
os anos 2000, o ex-policial trabalhou por mais de dez anos como segurança e motorista
de Flávio, o filho mais velho do presidente. Ele recebia da Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj) um salário de R$ 8.517 e acumulava rendimentos
mensais de R$ 12,6 mil da Polícia Militar.
Flávio
Bolsonaro também empregou em seu gabinete mais duas pessoas ligadas a Queiroz.
Além da mulher e de duas filhas, o ex-assessor indicou a enteada, Evelyn Mayara
de Aguiar Gerbatim, e o ex-marido da atual mulher, Márcio da Silva Gerbatim,
para trabalhar no gabinete.
Aos
21 anos, a enteada de Queiroz aparecia na folha de pagamento de outubro de 2018
da Alerj com um salário líquido de R$ 7.549,75 – valor idêntico ao que a filha
Evelyn Melo de Queiroz recebia por seu trabalho no gabinete.
A
outra filha de Queiroz, Nathália Melo de Queiroz, foi nomeada de setembro de
2007 a fevereiro de 2011 no gabinete da vice-liderança do PP, partido de Flávio
à época, com salário bruto de R$ 6.490,35.
Queiroz
foi exonerado do gabinete do então deputado estadual em 15 de outubro de 2018.
O motivo oficial declarado era a necessidade de tratar de sua ida à reserva da
PM.
CNN