Apesar
das incisivas críticas ao governo de Jair Bolsonaro (Sem Partido), o senador
Cid Gomes (PDT) disse ser "pessoalmente" contra o impeachment do
presidente neste momento. A declaração foi dada em entrevista ao site UOL na
tarde desta segunda-feira (15). Segundo ele, a democracia brasileira tem que
"pagar um preço" de Bolsonaro a frente da presidência, a menos que
fatos mais graves sejam comprovados contra o presidente. A opinião do senador
cearense destoa da defesa do seu partido, o PDT.
Como
exemplo, ele citou a investigação contra Bolsonaro no Tribunal Internacional de
Haia que, entre outros crimes, julga responsáveis por genocídios. "Como
regra, sou contra. Tem coisas que encostam nele e começam a justificar, mas,
pelo exotismo dele, acho que temos que pagar um preço. Salvo que haja algo mais
grave", afirmou.
Apesar
de ser contra o impeachment, o senador teceu críticas a diversas áreas do
governo Bolsonaro. Sobre as constantes crises enfrentadas pelo presidente,
inclusive em meio a pandemia causada pelo novo coronavírus, Cid Gomes afirmou
que Bolsonaro "governa com a manchete do dia" e "de
improviso".
Ele
é um despreparado, mas é um despreparado que quer mandar", criticou. Para
o ex-governador, "tendência do governo Bolsonaro é se desmoralizar a cada
dia e o responsável por isso é ele mesmo". Esta desmoralização deve vir
acompanhada de uma queda de popularidade do presidente, o que pode agravar as
difíceis relações entre mantidas pelo Executivo com o Judiciário e com o
Congresso. Por conta disso, e das recentes ações do presidente - como incitar
apoiadores a entrar em hospitais de campanhas na cidade para filmar supostos
leitos vazios - ele aponta que tanto Judiciário como Congresso "tem que
fazer medidas de contenção de danos, mesmo que simbólicas porque vai expondo (o
governo)".
O
senador Cid Gomes também comentou as frequentes críticas feitas pelo irmão,
Ciro Gomes, ao PT. Segundo ele, estas atitudes buscam "mostrar a diferença
dele para o PT, ou para o que o Lula significou". "O Ciro para se
consolidar como alternativa para o futuro do Brasil, ele tem que se diferenciar
do Bolsonaro, mas também do PT", ressaltou.
O
parlamentar aproveitou para criticar o comando nacional do Partido dos
Trabalhadores que "se corrompeu" e acabou se tornando
"aparelhista". Contudo, Cid Gomes diz que é importante diferenciar e
que existem alianças entre o PDT e o PT, citando inclusive o Governo do Ceará,
onde o partido faz parte do arco de aliança do governador Camilo Santana (PT).
A VOZ DE SANTA QUITÉRIA