O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, em coletiva nesta segunda-feira (9). — Foto: Fabrice Coffrini / AFP |
O
diretor-geral da entidade, Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou que a suspensão
foi determinada depois de um estudo
publicado na sexta-feira (22) na revista científica "The Lancet".
A pesquisa, feita com 96 mil pessoas, apontou que não houve eficácia das
substâncias contra a Covid-19 e detectou risco de arritmia cardíaca nos
pacientes que as utilizaram.
"Os
autores reportaram que, entre pacientes com Covid-19 usando a droga, sozinha ou
com um macrolídeo [classe de antibióticos da qual a azitromicina faz parte],
estimaram uma maior taxa de mortalidade", afirmou Tedros.
A
OMS afirmou que o quadro executivo do Solidariedade, composto por 10 países,
vai analisar dados disponíveis globalmente sobre as drogas, que são usadas para
tratar malária e doenças autoimunes.
"Eu
quero reiterar que essas drogas são aceitas como geralmente seguras para uso em
pacientes com doenças autoimunes ou malária", destacou Tedros.
Ele
afirmou, ainda, que os outros testes dos ensaios Solidariedade vão continuar –
a suspensão refere-se apenas às pesquisas com a cloroquina e a
hidroxicloroquina.
A
iniciativa internacional, lançada no dia 18 de março, já tinha 100 países
participantes no dia 21 de abril, segundo a OMS. Nesta segunda-feira (25), a
entidade anunciou que 35 países estão recrutando pacientes em mais de 400
hospitais ao redor do mundo para fazer parte dos estudos, Outras 3,5 mil
pessoas de 17 países já estão participando das pesquisas.
Uso
no Brasil
Mesmo
sem evidências científicas que comprovem a eficácia dos medicamentos contra a
Covid-19, o Ministério da
Saúde emitiu, na semana passada, um documento que recomenda o
uso deles, no SUS,
para a doença. A recomendação
inicial, lançada sem assinatura, teve
modificações e foi republicada.
A
recomendação das substâncias sem prova de que elas funcionavam contra o novo
coronavírus foi motivo de discórdia entre dois ex-ministros da Saúde e o
presidente Jair
Bolsonaro. Tanto Luiz Henrique Mandetta quanto Nelson Teich, ambos
médicos, alertaram para os efeitos colaterais dos remédios, mas, mesmo assim,
Bolsonaro defendeu o uso deles para a Covid-19
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