As
declarações de Adhanom foram feitas durante a abertura da 73ª Assembleia
Mundial da Saúde (World Health Assembly - WHA, sigla em inglês), evento anual
que acontece sempre em maio, em Genebra, na Suíça.
"Como
se pratica o distanciamento social quando se vive em lares superlotados? Como
alguém fica em casa quando tem que trabalhar para dar de comer a sua família?
Como fazer a higiene das mãos quando não se tem água limpa?", questiona
Adhanom. Para ele, alguns países estão tendo sucesso ao evitar a transmissão
comunitária disseminada, enquanto outros ainda estão atravessando sua pior fase
e, ainda, há os que estejam avaliando como flexibilizar as restrições para
retomar atividades sociais e econômicas.
Segundo
Adhanom, a OMS compreende plenamente e respeita o desejo dos países de retomar
as atividades, mas alerta que "é precisamente porque queremos a
recuperação mundial mais rápida possível, que instamos os países que sejam
cautelosos. Países que avançam com muita rapidez, sem ter estabelecido uma base
sólida de saúde pública adequada para detectar e suprir a transmissão, correm
um sério risco de afetar a sua própria recuperação".
Adhanom
recorda que, há seis meses, era inimaginável pensar que as grandes cidades
estariam paradas e que simplesmente dar a mão para alguém fosse uma ameaça à
vida. No entanto, em menos de seis meses a pandemia deu a volta ao mundo,
afetando países grandes e pequenos, ricos e pobres.
"Bilhões
de pessoas perderam o emprego. Há muito temor e incertezas. A economia mundial
está sofrendo a pior contração desde a Grande Depressão. A pandemia expõe quais
são os defeitos, as desigualdades, as injustiças e as contradições do nosso
mundo moderno, destacando nossos pontos fortes e nossos pontos fracos. Apesar
do poderio econômico, militar e tecnológico de muitas nações, este minúsculo
vírus está nos dando uma lição de humildade. O mundo não vai ser o mesmo.
Todos sabemos que temos que fazer todo o possível para evitar que essa
experiência se repita. Nosso maior fracasso seria não aprender com as lições
que essa pandemia nos deixou", afirmou o diretor-geral da OMS.
Em
relação aos desafios impostos aos países pela disseminação da covid-19, Adhanom
afirma que a OMS, desde o primeiro momento, alertou o mundo sobre a gravidade
da doença.
"Demos
o alerta, voltamos a dar em repetidas situações, notificamos os países,
emitimos orientações para os profissionais de saúde e, em dez dias, declaramos
uma emergência sanitária, que é o nosso nível máximo de alerta, em 30 de
janeiro. Naquele momento havia menos de 100 casos e nenhuma morte na China.
Oferecemos diretrizes técnicas, assessoramento estratégico, sustentando a todo
o momento a nossa experiência com fundamentos científicos. Apoiamos os países
para que pudessem se adaptar e aplicar essas diretrizes. Enviamos material para
diagnósticos, EPI's (equipamentos de proteção individual), oxigênio e material
médico a mais de 120 países. Formamos 12,6 milhões de profissionais sanitários
em 23 idiomas, pedimos acesso equitativo às vacinas, às provas de diagnóstico
ou aos tratamentos terapêuticos. Lutamos contra as fake news e
divulgamos informação confiável", disse Adhanom.
O
diretor-geral da OMS afirma que a pandemia demonstrou que se a humanidade quer
que haja desenvolvimento, é necessário investir em saúde. E que a saúde não é
nenhum luxo, nem recompensa, nem custo. É uma necessidade, um investimento.
"É o caminho para a segurança, a prosperidade e a paz".
Além
do pronunciamento de Adhanom, durante a reunião, que este ano aconteceu
virtualmente, foram escolhidos presidente e cinco vice-presidentes para a
próxima gestão. Como presidente foi eleita Keva Bain, representante permanente
das Bahamas nas Nações Unidas. A 72ª gestão, encerrada hoje, foi exercida pela
China. Devido à pandemia, a reunião deste ano, que acontece entre hoje e amanhã
(19), teve a agenda reduzida e concentrada na abordagem ao novo coronavírus.
Embora
a OMS possa fazer recomendações e sugerir cursos de ação, cabe a cada governo
determinar sua resposta e agir de acordo com ela. O secretariado da OMS não tem
o poder de executar nenhuma ação nos estados-membros.
A
Assembleia Mundial da Saúde é o órgão de decisão da OMS. Delegações de todos os
194 Estados-Membros da OMS participam da reunião. As principais funções do
órgão são determinar as políticas da organização, nomear o diretor-geral,
supervisionar as políticas financeiras e revisar e aprovar o orçamento do
programa proposto.
Agência Brasil