Com
a queda da adesão ao isolamento social desde o feriado da Semana Santa, o Ceará
viu crescer o número de casos confirmados e de óbitos por Covid-19 nas últimas
semanas. Essa mudança fez com que a curva do novo coronavírus, no Estado, se
aproximasse à da Espanha, segundo o secretário da Saúde, Carlos Roberto Martins
Rodrigues Sobrinho, o Dr. Cabeto.
A
afirmação foi feita em live realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC) e pela
Barros Soluções em Gestão, na noite desta quarta-feira, 6. O país europeu é um
dos mais afetados pela pandemia, registrando o segundo maior número de casos e
o quarto maior número de mortes em decorrência da infecção no mundo.
O
evento virtual teve como tema “Pandemia por coronavírus – o que muda na saúde e
perspectivas futuras” e também contou com a participação de Carlos Arruda,
professor na área de Inovação e Competitividade e gerente executivo do Núcleo
de Inovação e Empreendedorismo da FDC.
“Eu
estou muito preocupado. A curva do Ceará, hoje, é parecida com a da Espanha”,
afirmou o secretário durante a live. De acordo com ele, o isolamento social
teve efeitos positivos quando foi decretado no Estado, em março. “Lá no começo,
parecia que íamos evoluir para uma curva (acentuada) como a da Itália, e de
repente saímos para uma curva (achatada) como a da Coreia. Da Semana Santa para
cá, as pessoas relaxaram”, afirmou.
Para
o secretário, a pandemia pelo novo coronavírus evidenciou “um mundo desigual”,
em que a saúde é diretamente proporcional à renda per capita média e à qualidade
das moradias. “Ela escancarou o sistema no Brasil — que na Aldeota morre pouco
e na periferia morre muito”, afirmou Dr. Cabeto. “No Ceará, a epidemia começou
em três bairros: Meireles, Papicu e Aldeota. Essa é uma região com renda per
capita mais alta e sistema de saúde adequado para aquela densidade
populacional”, avalia.
Em
seguida, continua o secretário, os casos expandiram-se para áreas com alto
adensamento populacional e com condições hidrossanitárias inadequadas. “Nós
pulamos de uma realidade em que tínhamos menos de 1% de morte para 6.7% de
mortalidade. E quase 90% das pessoas que falecem de um IDH muito baixo.”
Como um dos legados do enfrentamento ao novo coronavírus, Dr. Cabeto pontuou a maior transparência no trabalho do Estado. “Isso vai mudar a política pública”, afirmou.
Como um dos legados do enfrentamento ao novo coronavírus, Dr. Cabeto pontuou a maior transparência no trabalho do Estado. “Isso vai mudar a política pública”, afirmou.
O
secretário apontou ainda, como uma mudança desse período, a adoção de
ferramentas de telemedicina. “Agora, os pacientes estão me ligando, querendo
marcar consulta virtual. Isso, em menos de 30 dias. Essas relações pessoais
passaram a mudar no ambiente da saúde.”
O POVO