A marca de mil
casos foi atingida mais rapidamente no Ceará — que somou o número de
confirmações em 23 dias — do que em São Paulo e no Rio de Janeiro, unidades
federativas que lideram os números absolutos. Ambos chegaram à mesma quantidade
no 30º dia após
a primeira confirmação da doença em cada estado. No Brasil, são 12.056
confirmações e 553 óbitos.
Apesar
de disseminação da contaminação no Ceará, Fortaleza continua
somando 90% dos testes laboratoriais positivos para a Covid-19. São 919
confirmações na Capital, que também concentra o maior número de óbitos: 24. Uma
das mortes do Estado foram de um bebê de três meses, na última sexta-feira, 3,
no Hospital Regional do Município de Iguatu. A criança, que nasceu com a
Síndrome de Bartter, que causa alteração nos rins e afeta a taxa de potássio no
sangue, teve complicações respiratórias, como bronquiolite e pneumonia.
A taxa de
letalidade no Estado é de 3,06%. Em uma semana, a infecção chegou a 20% (36)
dos 184 municípios. Com mais confirmações fora da Capital estão
Aquiraz (19), Caucaia (7), Sobral (10), Horizonte (6), Maracanaú (5) e Quixadá
(4). "Esse cenário é completamente diferente de uma semana atrás, quando
tínhamos menos de 1% dos municípios acometidos. Isso denota uma transição do
modelo epidemiológico", explicou o Dr. Cabeto, titular da Sesa, em
coletiva transmitida pelas redes sociais.
Conforme
o secretário, a posição de destaque nacional como terceiro estado
com maior índice de infectados por 100 mil habitantes (6,8) se deve à
quantidade de testes realizada pelo Estado. "O Ceará está entre
os estados que mais documentam e notificam dados. Os estados que mais notificam
vão aparecer com o maior número de casos. É uma opção de estratégia", diz.
Segundo
Dr. Cabeto, na próxima semana, a capacidade de testagem deve mais
do que dobrar. "O Estado executa em torno de 400 testes com
pesquisa viral direta e deve chegar em mil testes por dia. Vamos realizar tanto
em Fortaleza como em áreas descentralizas", afirma. De acordo com o
secretário, será estabelecido um protocolo unificado de acompanhamento de
pacientes sintomáticos com mais de 60 anos ou comorbidades em todo o Estado.
Ele anunciou ainda a chegada de 270 toneladas de Equipamentos de Proteção
Individual (EPIs), até dia 15, para profissionais da linha de frente com
pacientes do novo coronavírus.
Para
o infectologista Anastácio Queiroz, professor da Faculdade de Medicina (Famed)
da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Ceará está caminhando em
uma velocidade um pouco menor do que o esperado. "Evidentemente,
temos muitos testes esperando resultado ainda. O que pode mudar o
cenário", pondera.
"Os
dados preocupam porque, a despeito da fragilidade da interpretação que eles
ainda denotam, é uma posição de muito destaque em relação ao número de casos.
Mesmo que signifique que outros estados estão com dificuldades de testagem, é
algo que surpreende", avalia Érico Arruda, infectologista do Hospital São
José e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Segundo o médico,
nenhum estado testa de forma ideal e, para isso, "seria preciso fazer
exames em pessoas assintomáticas também". "Mas não podemos dizer que
todos os outros estados estão com dificuldade de testagem em relação ao
Ceará", acrescenta.
O Povo