A
reportagem apurou, com uma fonte ligada à Operação, que as ameaças de atentados
e até morte se destinavam aos secretários da Segurança Pública e Defesa Social
(SSPDS), André Costa, e da Administração Penitenciária (SAP), Mauro
Albuquerque; e a outras autoridades, como o diretor de um presídio localizado
em Itaitinga, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
'Siciliano'
já estava detido em uma unidade penitenciária estadual de Pernambuco, em
Limoeiro, onde conseguia acesso a aparelhos celulares, segundo os
investigadores cearenses. O preso também tramava a fuga do presídio e ataques
criminosos no Ceará, que também estavam descritos no celular.
Os
planos criminosos seriam espalhados a partir de 'salves' (mensagens de ordem)
para outros membros da GDE, nas redes sociais. Mas o compartilhamento foi
evitado com a Operação Torre, em setembro de 2019, e o cumprimento de mandados
de prisão e de busca e apreensão contra 'Siciliano', no presídio de Pernambuco.
Com
o aprofundamento das investigações, análise do material apreendido e acesso aos
aparelhos celulares subtraídos na Operação Torre, a PF e o Gaeco chegaram aos
planos criminosos e deflagraram também a ação policial 'Reino de Aragão',
quando cumpriram um novo mandado de prisão preventiva contra 'Siciliano', desta
vez no Presídio Federal de Segurança Máxima de Mossoró, no Rio Grande do Norte,
para onde ele foi transferido no dia 27 de setembro do ano passado para não ter
mais comunicação com os comparsas. A Secretaria da Segurança Pública e a
Secretaria de Administração Penitenciária foram procuradas através da
assessoria de imprensa, mas não se manifestaram, até o fechamento desta edição,
sobre as ameaças descobertas nas investigações da Polícia Federal e do Grupo
Especial de Combate às Organizações Criminosas do MPCE.
Atuação
De
acordo com os investigadores, Ednal Braz da Silva é paraibano, tem 45 anos e se
notabilizou, nos anos 2000, por ataques a instituições financeiras. Ao ser
levado para um presídio federal, ele teve contato com o cearense Francisco de
Assis Fernandes da Silva, o 'Barrinha' ou 'Guardião', e a dupla decidiu
instalar uma facção criminosa no Ceará.
Mesmo
a distância, 'Siciliano' cumpria o papel de liderança na GDE e orquestrava
crimes no Ceará, segundo a PF e o Gaeco.
Ele
é suspeito de ordenar ataques às torres de transmissão de energia da Companhia
Hidrelétrica do São Francisco (Chesf), em Fortaleza e Maracanaú, em abril de
2019, o que foi alvo da Operação Torre; e também de ordenar crimes contra
instituições públicas e privadas, na onda de ataques registrada no Ceará em
setembro último, com mais de 100 ocorrências, o que foi combatido com a
Operação Reino de Aragão.
Diário
do Nordeste