Em
meio à crise econômica que o País ainda enfrenta, os parlamentares da bancada
cearense na Câmara dos Deputados, pelo visto, estão trabalhando para melhorar
um pouco essa imagem negativa da opinião pública. Levantamento do Sistema
Verdes Mares aponta que os cearenses, em 2019, gastaram o menor valor da cota
parlamentar dos últimos sete anos.
Ainda
alto, o valor de R$ 8,4 milhões em 2019 é menor do que os R$ 10,1 milhões do
ano anterior. O uso da cota em 2019 só não foi menor do que o de 2012, quando
os deputados gastaram R$ 8,2 milhões.
A
cota para o exercício da atividade parlamentar é uma verba indenizatória usada
para custear despesas com passagens aéreas, telefonia, manutenção de
escritórios de apoio à atividade parlamentar, fornecimento de alimentação ao
parlamentar, hospedagem, locomoção, entre outros gastos.
Para
cada Estado, é designado um valor fixo. Para o Ceará, cada deputado tem direito
a até R$ 42,4 mil por mês. Todos os recursos gastos precisam ser justificados
para o exercício do mandato e comprovados por documentos.
Divulgação
da atividade parlamentar, manutenção de escritórios e locação ou fretamento de
veículos automotores concentram os maiores custos dos parlamentares cearenses
em 2019. Entre os deputados que menos gastaram o dinheiro público nessa modalidade
estão Célio Studart (PV), com R$ 229 mil; Dr. Jaziel (PL), com R$ 301 mil;
Moses Rodrigues (MDB), com R$ 331 mil; Pedro Bezerra (PTB), com R$ 353 mil e
Roberto Pessoa (PSDB), com R$ 363 mil.
O
deputado Célio Studart afirmou que mantém “compromisso de campanha de, até o
fim do mandato, ter economizado R$ 1 milhão em gastos de gabinete”. “Então,
este controle de recursos será feito durante toda a legislatura para atingir
este objetivo”, diz.
Pedro Bezerra (PTB) afirmou que “o critério de uso é o que for necessário, nada além”. “É lógico que a gente faz isso com a preocupação de não estar gastando o dinheiro à toa”, ressalta.
Pedro Bezerra (PTB) afirmou que “o critério de uso é o que for necessário, nada além”. “É lógico que a gente faz isso com a preocupação de não estar gastando o dinheiro à toa”, ressalta.
Por
outro lado, os deputados Vaidon Oliveira (Pros), com R$ 440 mil; Idilvan
Alencar (PDT), com R$ 438 mil; Robério Monteiro (PDT), com R$ 430 mil; AJ
Albuquerque (PP), com R$ 427 mil; Leônidas Cristino (PDT), com R$ 425 mil, são
os que mais gastaram.
Não
houve sucesso nas tentativas de contato com os deputados que mais gastaram.
Táxi aéreo
O
cenário do ônus milionário com fretamento de aeronaves para deslocamentos no
Ceará, divulgado em reportagem do Diário do Nordeste, em dezembro de 2018,
mudou em comparação com 2019.
Antes
com média de R$ 395 mil entre 2015 e 2018, o recurso utilizado na modalidade de
aluguel de táxi aéreo caiu para R$ 97 mil. O valor é o menor dos últimos seis
anos.
Os
trajetos, antes em trechos próximos e que poderiam ser feitos via terrestre —
como o publicado da reportagem —, agora são em distâncias maiores.
Líder
em despesas com as locações no Estado com gasto de R$ 27 mil, o deputado
Eduardo Bismarck (PDT) afirmou que utiliza “o fretamento em último caso, em
deslocamentos em que a agenda não permite o uso de carro para que seja
cumprida”.
Em segundo lugar, com o valor de R$ 21 mil, o deputado Aníbal Gomes (DEM) justificou o uso do transporte ao argumentar que tem “duas cirurgias de coluna, inclusive com próteses”. As viagens, segundo ele, ocorrem quando está “em crise” e são “por recomendação médica” quando o quadro está “agudo”.
Em segundo lugar, com o valor de R$ 21 mil, o deputado Aníbal Gomes (DEM) justificou o uso do transporte ao argumentar que tem “duas cirurgias de coluna, inclusive com próteses”. As viagens, segundo ele, ocorrem quando está “em crise” e são “por recomendação médica” quando o quadro está “agudo”.
Maiores gastos
Apesar
das despesas dos parlamentares terem reduzido, alguns gastos continuam altos.
Durante o período analisado, a maior despesa da bancada cearense foi com
bilhetes aéreos. Ao todo, eles gastaram R$ 2,1 milhões de fevereiro de 2019 a
janeiro de 2020 – que corresponde ao primeiro ano da atual legislatura. A
deputada Luizianne Lins (PT) é quem lidera o maior gasto com passagens, com R$
142,9 mil. Em seguida, está Pedro Bezerra (PTB), com R$ 142,5 mil; Dr. Jaziel
(PL), com R$ 133,9 mil; José Guimarães (PT), com R$ 124 mil; e Idilvan Alencar
(PDT), com R$ 121,6 mil.
O
segundo maior gasto da bancada foi com divulgação de atividades parlamentares.
O montante chega a R$ 1,8 milhão para eles mostrarem ao eleitorado o trabalho
que desenvolvem na Câmara.
O
terceiro maior gasto foi com consultoria, pesquisa e trabalhos técnicos. O
valor é de R$ 1,7 milhão. Esse tipo de serviço é contratado para dar apoio a
atividade parlamentar, ajudando a desenvolver e analisar projetos de lei e
propostas de emenda à Constituição, bem como fazer alterações em proposições em
tramitação. No entanto, os parlamentares têm à disposição secretários
parlamentares, que lhe dão apoio no exercício da legislatura. Para custear
esses funcionários, eles têm outro tipo de recurso, que é a verba de gabinete.
Verba de gabinete
supera R$ 23 milhões
Além
da cota, os deputados federais também têm a disposição a chamada “verba de
gabinete”, de aproximadamente R$ 111,6 mil por mês para pagar até 25
secretários parlamentares, cujos salários devem variar entre R$ 1.025,12 e R$
15.698,32.
De fevereiro a dezembro do ano passado, a bancada federal do Ceará gastou R$ 23,7 milhões com verba de gabinete – contando os valores utilizados por efetivos e suplentes.
De fevereiro a dezembro do ano passado, a bancada federal do Ceará gastou R$ 23,7 milhões com verba de gabinete – contando os valores utilizados por efetivos e suplentes.
Apesar
do alto valor, a maioria dos parlamentares não chegou a usar o limite da verba
de gabinete disponível mensalmente.
Na
lista dos cinco maiores gastos, o PT é o partido com o maior número de
deputados dentre os que mais utilizaram a verba durante o período: Luizianne
Lins (PT), com R$ 1.152.935,31;
Moses Rodrigues (MDB), 1.152.626,55; Capitão Wagner (PROS), com R$ 1.152.211,73;
José Guimarães (PT), com R$ 1.150.372,33; e José Airton (PT), com R$
1.147.782,05.
Os
secretários parlamentares podem atuar tanto em Brasília como no Ceará,
acompanhando os deputados em viagens quando for necessário.
Eles
são contratados e demitidos livremente por cada deputado.
Além
dos secretários, os deputados podem ter outros funcionários cedidos pela Câmara
dos Deputados, para atuarem em alguma área necessária ao mandato.
Cota Parlamentar
A
Cota para o Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) custeia as despesas do
mandato, como passagens aéreas e conta de celular. Algumas são reembolsadas,
como as com os Correios, e outras são pagas por débito automático, como a
compra de passagens.
Salário alto
Além
da cota parlamentar e da verba de gabinete, cada deputado federal recebe
salário R$ 33.763,00 bruto. A remuneração pode sofrer alguma alteração,
dependendo da frequência deliberativa do parlamentar em sessões plenárias.
Ausências não justificadas levam a descontos no salário.