INCÊNDIOS DE ÔNIBUS: população da periferia é atingida pelo medo e pela redução da oferta(Foto: MAURI MELO) |
A
Justiça estadual já decidiu pela transferência imediata, para penitenciárias
federais, dos 12 detentos apontados como mandantes dos ataques incendiários
registrados no Ceará. A operação de deslocamento do grupo, no entanto, ainda
depende da análise de um juiz federal da área de execução penal. É ele que
controla judicialmente o ingresso de novos detentos nas unidades
federais.
A decisão, inclusive, pode aceitar a viagem de apenas parte dos
nomes que estão na lista.
Por
causa disso, os presos seguem abrigados no sistema prisional cearense. Os 12
são descritos como chefes da facção criminosa Guardiões do Estado
(GDE). Os nomes dos detentos estão sendo mantidos em sigilo. Entre eles há
presos já condenados e os que aguardam julgamento.
Os
atentados a prédios e veículos, tanto públicos como particulares, aconteceram
entre a segunda quinzena de setembro e início de outubro. Teriam sido ordenados
mesmo de dentro da cadeia. Do lado de fora, os recados para os ataques teriam
sido repassados por familiares e advogados, após visitas às cadeias. Em
setembro, pelo menos três advogados foram identificados repassando e recebendo
mensagens, nos dias de visitações.
As
ordens judiciais foram despachadas por magistrados que atuam nas varas de
Delitos de Organização Criminosa, de Tóxicos e de Execuções Penais do Estado.
As seis penitenciárias federais funcionam em Campo Grande (MS), Mossoró (RN),
Catanduvas (PR), Porto Velho (RO), Charqueadas (RS) e Brasília (DF).
O
pedido de transferência foi feito pelo Ministério Público Estadual (MPCE), no
último dia 27 de setembro - uma semana depois do início dos ataques. Foi
formalizado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações
Criminosas (Gaeco). O órgão teria utilizado como parte do critério um parecer
da própria Secretaria Estadual de Administração Penitenciária (SAP), além de
histórico de interceptações telefônicas e episódios recentes descobertos nas
unidades.
Entre
as medidas adotadas pela própria SAP, mais de 500 presos foram remanejados
entre cadeias do sistema prisional cearense. A movimentação foi para
enfraquecer a atuação dos chefes e da própria organização criminosa.
O Povo