terça-feira, 1 de outubro de 2019

Mais de 70 tartarugas mortas no litoral do Nordeste

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Enquanto Ibama e Marinha do Brasil não descobrem quem derramou petróleo cru no litoral do Nordeste, tartarugas já são as vítimas mais visíveis da tragédia

Mais de 70 tartarugas encalharam em praias afetadas pelo petróleo cru que foi derramado, criminosamente, em algum ponto do oceano Atlântico no litoral do Nordeste brasileiro. No site do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a contagem oficial aponta para 65 encalhes do réptil, porém relatos e fotografias feitas por moradores da costa nordestina, ouvidos pelo O POVO, indicam uma quantidade maior. Boa parte dos animais não escapa porque ingeriu a substância tóxica.

No Ceará, de acordo com o mapa do Ibama, 11 tartarugas foram encontradas cobertas de óleo ou com algum problema relacionado ao desastre ambiental que está em curso no Nordeste desde o último dia 2/9. Seriam 10 animais encalhados na costa de Jericocoara (Jijoca), distante de 299,1 km de Fortaleza, e uma na Capital. Na verdade, somente o Grupo de Estudos e Articulações Sobre Tartarugas Marinhas do Instituto Verdeluz atendeu seis ocorrências em Fortaleza e uma no rio Pacoti, próximo ao Porto das Dunas, em Aquiraz, segundo a bióloga Alice Feitosa.

No município de Trairi, a 124 km de Fortaleza, o biólogo Célio Alves Ribeiro, do Projeto Rizomas, enviou a fotografia do corpo de uma tartaruga encontrada morta e com manchas de óleo. O registro foi feito pela professora Gláucia Sena, no dia 24/9. Ela estava em uma atividade de campo entre as praias de Flecheiras e Guajiru. O animal foi enterrado.

No 7/9, por volta das 8h30min, o gerente de vendas Neto Rodrigues, avistou com a família pelo menos seis tartarugas mortas na beira da praia, entre a Barra do Cauípe, em Caucaia, até a praia da Taíba, em São Gonçalo do Amarante.
Neto Rodrigues relata que, no dia 8/9, quando estavam retornando para Fortaleza pelo mesmo trecho, havia um golfinho morto. "Depois, no final de semana do dia 22/7, vimos muito piche entre as praias de Guajiru e Flecheiras, acho que tinha relação com as mortes. Não fotografei porque a maré estava enchendo e também não tinha feito a associação", explica Neto Rodrigues.

Para Muller Holanda, chefe da Divisão Técnico-Ambiental do Ibama, é provável que haja muito mais ocorrências do que as registradas no mapa do órgão. Como o órgão não está percorrendo o litoral, depende das informações enviadas por parceiros que estão nos trajetos ou recebendo avisos de encalhes.

De acordo com assessoria de imprensa do órgão, em Brasília, "o Ibama e a Marinha do Brasil estão realizando uma série de levantamentos no mar. O helicóptero do Ibama está no Nordeste, fazendo o monitoramento das áreas atingidas. O Ibama usa uma outra aeronave (de asa fixa), equipada com sensores para detecção de óleo. Até o momento, não foi identificado na superfície da água pelo avião especializado ou por imagens de satélite", respondeu ao O POVO.
No último final de semana, equipes da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), coletaram 500 litros do petróleo cru em nove praias cearense em situação mais crítica. Carlos Alberto Mendes, superintendente do órgão ambiental afirmou que uma equipe está de plantão (fone: 0800.275 2223) para atender novas ocorrências.

O estado onde mais encalharam tartarugas foi o Rio Grande do Norte. Segundo dados do Ibama, foram 22 animais marinhos. O Piauí é o segundo, com 17 encalhes. O Ceará vem com mais de 14 registros, seguido por Pernambuco.

Até aqui, quase um mês depois do desastre ambiental, Ibama e Marinha do Brasil não conseguiram identificar os responsáveis pelo derramamento do petróleo cru em oito dos nove estados do Nordeste. Segundo a assessoria de imprensa da Petrobras, o óleo não é de origem brasileira.

O Povo

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