Sete candidatos desistiram concurso neste domingo (15), para registrar Boletim de Ocorrência (B.O) no 11º Distrito PolicialFOTO: MARCELLA DE LIMA |
Meses
de preparação que culminaram na realização do concurso para servidor do
Tribunal de Justiça do Ceará (TJCE), realizado ontem (15), em Fortaleza, podem
estar em risco. A Polícia Civil do Estado do Ceará está investigando possível
fraude no certame após denúncias de candidatos que se sentiram prejudicados no
processo seletivo.
Um
grupo composto por sete pessoas se negou a fazer a avaliação devido a um problema
na logística durante a entrega das provas. Revoltados, eles compareceram ao 11º
Distrito Policial, localizado no bairro Pan Americano, para formalizar Boletim
de Ocorrência (B.O).
Segundo
os candidatos, que fizeram a prova na sala onde ocorreu o problema, não havia
provas suficientes para todos e, posteriormente, elas foram repostas pelos
fiscais. Entretanto, o novo envelope de provas chegou sem o lacre.
Para
o advogado Eduardo José de Lima, um dos concorrentes, o fato "fere as
regras do concurso público. Vi que os envelopes estavam lacrados na primeira
vez. O problema foi que alguns ficaram sem o material. Para o nosso espanto, os
fiscais trouxeram novas provas para todos, porém nesta segunda remessa, o
envelope não estava lacrado".
Uma
das prejudicadas, de ter ficado sem a prova, foi a advogada Gessiane de
Oliveira Silva. Na sala, composta de 40 pessoas, ela se manifestou de imediato.
"Eu puxei o coro e disse 'não vou fazer esta prova, pois ela está
violada'. Então nós exigimos a presença da Polícia Civil, do Ministério Público
e do TJCE", relata. Segundo ela, representantes da Fundação Getúlio Vargas
(FGV), organizadora do concurso "tentaram convencer" o grupo a seguir
com a prova, mas ele se recusou.
De
acordo com a estudante Jose Nóbrega, outra candidata que denuncia o caso, a
organização não se prontificou a dar soluções para o impasse: "Eles
pediram para a gente sair e nos acompanharam até os portões. Deu a sensação de
que a gente estava fazendo algo ilícito", lamentou.
Frustração
Rubens
Cavalcante de Moura enfrentou 12 horas de viagem entre Recife e Fortaleza
especialmente para poder participar do concurso. O pernambucano conta que vem
de uma rotina de intensa de preparação e relata o sentimento de frustração com
o ocorrido.
"É
ruim, né? Existe todo um preparo, a família aposta em você e não tem nenhuma
segurança jurídica de que vai ser uma concorrência leal. Além disso, saio no
prejuízo material também", relata Rubens.
O
TJCE afirmou, por meio de nota, que "está apurando junto à organizadora do
concurso, a FGV, o que ocorreu pela manhã deste domingo, em uma das salas de
prova". Ainda na tarde de ontem, mesmo após as denúncias, outra etapa do
concurso, para o cargo de técnico judiciário da área administrativa, que
ofertava apenas 1 vaga, transcorreu normalmente na Capital.
Segundo
a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) o caso segue em
apuração. A pasta informa que na tarde de ontem, oitivas foram realizadas com
os candidatos e representantes da FGV. A reportagem não conseguiu contato com a
FGV para comentar o problema até a publicação desta matéria.
Conteúdo Diário do Nordeste