terça-feira, 13 de agosto de 2019

Bolsonaro quer acabar com radares móveis

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Radar móvel: Ceará conta com seis equipamentos em rodovias federais

Ceará tem 6 equipamentos. Especialistas defendem importância da fiscalização
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarou na manhã de ontem, 12, que pretende acabar com o uso de radares móveis nas rodovias brasileiras a partir da próxima semana. Se confirmada a medida, o Ceará perderia o reforço de seis equipamentos do tipo, utilizados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), atualmente, na fiscalização de excesso de velocidade nas três rodovias federais (BR 020, BR 116 e BR 222) do Estado. Especialistas discordam das colocações do presidente e defendem a importância da fiscalização para a segurança viária.

"Isso é coisa de uma máfia de multas, é um dinheiro que vai para o bolso de poucos aqui no Brasil, é uma indústria de multas. A partir da semana que vem, não teremos mais essa covardia de radares móveis no Brasil", disse Bolsonaro durante evento de liberação de uma duplicação da BR-116 no Rio Grande do Sul. O presidente ainda disse estar numa briga na Justiça, junto ao ministro Tarcísio Gomes de Freitas, da Infraestrutura, para acabar com o uso dos equipamentos no País.

Especialista em trânsito, mobilidade e segurança, Renato Campestrini lamenta a medida anunciada por Bolsonaro e defende que a fiscalização eletrônica é "a mais justa das formas de fiscalização", uma vez que o equipamento "só autua aquele que excedeu o limite de velocidade".

"Principal (impacto) será o aumento do número de acidentes. Reconhecidamente, a gente observa no Brasil que o condutor só reduz a velocidade onde sabe que tem equipamento. O que se busca não é auferir receita mas sim respeito à velocidade. E vale ressaltar que a multa tem caráter educativo e é democrática porque os recursos retornam para a própria sociedade", lembra o especialista.
Dados da PRF mostram que, entre janeiro e 29 de julho, foram registradas 77.680 infrações nas rodovias federais no Ceará. No mesmo período do ano passado, foram observadas 115.664 descumprimentos. O POVO pediu um posicionamento do órgão sobre a decisão presidencial, mas não teve retorno.

O coordenador executivo da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária, Dante Rosado, classifica a proposta como "grave", e ressalta que a velocidade é um fatores para ocorrência de acidentes e para a gravidade deles.

"É comprovado que a fiscalização de velocidade faz com que motoristas respeitem as velocidades das vias. Qualquer medida para reduzir e eliminar vai aumentar os comportamentos de risco e a tendência é que acidentes graves e com mortes passem a aumentar nessas rodovias. Há uma vasta literatura que confirma isso", adverte Dante.

Conforme levantamento do Observatório Nacional de Segurança Viária, com base em dados de 2017 do Datasus, houve mais de 35 mil mortes em acidentes de trânsito no Brasil. "A conta disso o presidente não fala. Vai cair na saúde pública. Mesmo que a vítima tenha convênio médico, o primeiro atendimento é na saúde pública", frisa Campestrini.

Sobre o fato de Bolsonaro, recorrentemente, colocar o tema de trânsito em suas pautas, Dante lamenta o foco. Para ele, o que deveria ser colocado no debate público é a gravidade dos problemas no tocante à segurança viária.

"O Brasil e o mundo vivem uma epidemia de mortes no trânsito. É caso de saúde pública, que depende da união de vários setores e uma agenda multissetorial. Vejo um discurso que questiona medidas que são comprovadamente efetivas para solucionar esse problema. Quando as pessoas ouvem a autoridade máxima do país questionar isso, muitas são influenciadas e a gente não sabe como vão se comportar (no trânsito) no dia seguinte", acrescenta Dante.

O Povo



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