O presidente da República, Jair Bolsonaro, cumprimenta brasileiros residentes em Dallas, no Texas (EUA). (Foto: Marcos Corrêa/PR) |
Um
dia depois dos protestos nas ruas do País contra o congelamento de recursos de
instituições de ensino federal, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) recuou sobre
o compromisso que, segundo ele, havia feito com Sergio Moro (Justiça) de
indicá-lo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).
"Quem
me acompanhou ao longo de quatro anos sabe que eu falava que precisamos de
alguém no Supremo com o perfil de Moro", disse o presidente. "Não
teve nenhum acordo, nada, ninguém nunca me viu com Moro (antes de convidá-lo
para seu ministério)."
As
declarações foram dadas ontem durante transmissão ao vivo nas redes sociais,
feita diretamente dos Estados Unidos, aonde o presidente viajou para cumprir
agenda.
No
domingo passado, entretanto, Bolsonaro admitiu que tinha selado "um
compromisso com Moro, porque ele abriu mão de 22 anos de magistratura". O
presidente relatou ter dito ao ministro: "A primeira vaga que tiver lá (no
Supremo) está à sua disposição".
Questionado
sobre o acerto no dia posterior, o ex-juiz da Lava Jato negou qualquer
tratativa a respeito de próxima vacância no STF, que está prevista para o fim
do ano que vem, com a aposentadoria compulsória do decano Celso de Mello.
Desde
que assumiu a pasta, o ministro vem perdendo espaço no governo, porém. Dias
antes dessa polêmica, deputados federais sob comando do centrão impuseram ao
ex-magistrado uma derrota, aprovando a retirada do Coaf da alçada da Justiça e
mandando-o para o Ministério da Economia, chefiado por Paulo Guedes.
Além
de rejeitar que tivesse costurado acordo com Moro, Bolsonaro fez outro recuou
nessa quinta-feira. Na transmissão semanal via redes, o presidente disse que a
maioria dos que foram às ruas se manifestar contra a suspensão de verba para
educação tinha "boa fé", mas foi usada por partidos de esquerda. No
dia anterior, o presidente havia chamado os estudantes e professores de
"idiotas úteis" e "imbecis".
Prestes
a completar cinco meses de mandato, o pesselista enfrenta um dos momentos mais
delicados de sua gestão. Também nesta semana, o Tribunal de Justiça do Rio
autorizou a quebra de sigilo bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro
(PSL), filho do presidente, e de outras 88 pessoas, todas ex-empregadas no
gabinete do parlamentar quando era deputado estadual pelo Rio.
A
extensão da apuração, que abrange dez anos de transações financeiras de Flávio
e já identificou operações suspeitas com imóveis, tem pressionado o governo,
que corre o risco de ver caducarem medidas provisórias cruciais que estão
paradas na Câmara.
A
principal delas é a MP 870, que reestrutura o desenho ministerial do Planalto e
cuja validade é 3 de junho. Caso não seja votada até lá, a medida perde
validade, e o Governo Federal volta a ter 29 pastas, assim como na gestão do
ex-presidente Michel Temer (MDB).
No
contexto da crise na educação, por conflitos internos, foi anunciada ontem a
demissão do presidente do Inep, Elmer Coelho Vicenzi. O órgão do MEC organiza a
prova do Enem.
O
Povo