O
reajuste médio de 8,2% é o maior dos últimos dois anos. Indústria e comércio
terão alta de 7,87%
A
conta de luz ficará 7,39% mais cara para os consumidores residenciais a partir
de segunda-feira, 22, no Estado. Já os que se enquadram no perfil de baixa
tensão (abaixo de 2.300V), como lojas, edifícios comerciais e imóveis rurais,
terão aumento de 8,35%. Para indústria e grandes comércios o acréscimo será de
7,87%. O reajuste médio é de 8,2%. A alta terá impacto no orçamento de cerca de
3,5 milhões de famílias atendidas pela distribuidora Enel Ceará, que abrange
184 municípios cearenses.
Os
percentuais foram aprovados ontem pela Agência Nacional de Energia Elétrica
(Aneel). A média é inferior aos 11,62% propostos em janeiro, mas ainda é a
maior dos últimos dois anos, quando ficou em 0,15% e 4,96%, em 2017 e 2018,
respectivamente. A revisão tarifária ocorre a cada quatro anos, conforme
estabelece o contrato de concessão. No entanto, há um reajuste anual de taxa.
"São
avaliados os investimentos realizados e custo operacional para definir uma nova
tarifa, reajustada anualmente", detalha Luiz Antonio Correia Gazulha,
diretor de regulação da Enel. O custo para os diferentes grupos são definidos
de acordo com os investimentos aplicados para cada perfil do consumidor.
"É importante destacar que 80% dos nossos consumidores são residenciais e
serão os que terão o menor impacto", acrescenta.
Ele
explica que não se confirmou o reajuste inicial em razão de uma renegociação
para reduzir os encargos setoriais com bancos do empréstimo da Conta ACR, que
representou 3,15%. A Conta ACR foi um mecanismo criado pela Aneel para repassar
às distribuidoras os valores decorrentes de custos de compra de energia não
previstos e pagos pelas concessionárias entre fevereiro e dezembro de 2014.
Para
Erildo Pontes, presidente do Conselho de Consumidores da Enel e representante
do setor rural, "o índice continua muito elevado". "É preocupante
diante de um salário que subiu pouco e pode aumentar a inadimplência. A gente
não pode deixar de se incomodar com uma inflação abaixo de 4% e o aumento do
dobro", diz. Ele pondera que a majoração foi feita de maneira correta.
Entram no cálculo do custo da energia, que totaliza fatia de 36,%, tributos
(28,2%), distribuição (23,5%), encargos setoriais (7,7%) e transmissão (4,4%).
O
coordenador do Núcleo de Energia da Federação das Indústrias do Estado (Fiec),
Joaquim Rolim, destaca que a energia é fundamental para o setor industrial.
"Está acima da inflação, não é aquilo que gostaríamos, mas a Enel se
mostrou sensível e se prontificou a nos ouvir. Vamos argumentar para buscar
mais reduções, para desonerar esse insumo tão importante", diz.
BRUNA
DAMASCENO – O Povo