
A
mãe de Guilherme Taucci Monteiro, 17, um dos dois
atiradores no massacre em Suzano, na Grande São
Paulo, ocorrido, nesta quarta (13), disse que o filho passava as madrugadas jogando
no computador.
Ele
tinha internet, TV a cabo, tinha tudo. E o bobão faz isso. Estou com muita
raiva, de tudo. A única coisa é que ele era pirado nesse bagulho de jogo de
computador. Ele ficava paranoico e gritava para a tela: vou te matar, vou te
matar!
A
família diz nunca ter desconfiado de que Guilherme pudesse ter algum tipo
de comportamento violento. “Nosso relacionamento até que
não era ruim. Mas a gente quase não conversava”, revela a mãe.
Antes
de Guilherme e Luiz invadirem a Escola Estadual Professor Rail Brasil e abrirem
fogo contra estudantes e funcionários, matando sete pessoas e ferindo outras onze, Guilherme
parou na loja do tio, Jorge Antônio de Moraes, irmão de sua mãe, e atirou
contra ele. O parente morreu no hospital.
"Perdi
meu filho e meu irmão. Não dá nem pra acreditar... Minha vida acabou”, disse
Tatiana.
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Quarto de Guilherme - Foto: Folhapress |
Família
Desempregada
há dois anos e mãe de outras quatro crianças, duas das quais moram na mesma
casa onde Guilherme vivia, Tatiana batalha contra uma dependência química de
longa data, que a leva a passar boa parte do tempo nas ruas.
Fruto
de um relacionamento breve entre Tatiana e Rogério Machado Monteiro, Guilherme
foi criado pelos avós, Benedito Luiz Cardoso e Arlete Taucci. Com a morte da
avó, quatro meses atrás, Guilherme passou a dar sinais de tristeza
permanente.
“Acho
que ele ficou deprimido”, arrisca a tia.
Bullyng
Segundo
Tatiana, Guilherme abandonou a escola no ano passado, a um ano de
concluir o ensino médio, porque dizia não aguentar mais ser “zoado por causa
das espinhas do rosto”.
O
avô pagou um tratamento para o neto, e sua pele “melhorou muito”, lembra o avô.
Ontem
mesmo, quando ele chegou da rua de noite, eu esquentei o jantar pra ele. Estava
tudo bem
O
outro atirador
Na
mesma calçada da casa do adolescente, poucos metros depois, vivia Luiz
Henrique, de 25 anos, com os pais e irmãos. Eles moravam nos fundos da casa do
avô. Luiz Henrique havia acabado de começar a trabalhar com o pai, que atua no
ramo da jardinagem.
O
motorista Cássio Nogueira, 39, vizinho dos atiradores, conta que os viu
crescer.
Eram
meninos normais. Falavam bom dia, boa tarde, boa noite. Não usavam drogas.
Nunca percebi nenhum traço que indicasse que esse tipo de comportamento poderia
ocorrer. Estamos todos ainda em choque
Amigos
Guilherme
e Luiz se conheceram na infância e eram muito amigos. Os programas da
dupla dos últimos tempos eram passeios pelo shopping e visitas regulares à LAN
house do bairro, onde costumavam jogar video-games de tiros.
Eles
eram conhecidos por serem fechados, seletivos e xingarem muito e em voz
alta durante as partidas. Um dia, a atendente da LAN house percebeu um
pingente com a suástica nazista no pescoço de um deles. “Levei um
susto”, diz. Os clientes passaram a ser vistos com cautela.
A
mãe e o avô de Guilherme dizem nunca terem visto o menino ostentar esse tipo de
símbolo. A tia e vizinha Karina Mendes, 27, diz que está com medo de represálias.
A
gente entra nas redes sociais e só vê gente xingando eles e dizendo que a culpa
é da família. Eu entendo a revolta das pessoas, mas não podemos pagar por
aquilo que não fizemos. Estamos todos sofrendo, mas estamos com muito medo
também
Com
informações da Folha de São Paulo